A música da cantora americana Katy Perry, a qual diz que: "É muito confortável viver em uma bolha, pois assim não vemos o problema lá fora", parece fazer alusão ao cenário hodierno das bolhas sociais que a sociedade enfrenta. No brasil, esse problema é alarmante e suas causas estão intrinsecamente relacionadas com a realidade do país, seja pela manipulação das tecnologias, seja por questões sociais. Em uma primeira abordagem, é importante destacar que a individualidade é um dos principais impasses. Segundo o sociólogo Zygmunt Baumann, a sociedade atual se caracteriza pela modernidade líquida, em que os diálogos foram perdidos. Tendo isso em vista, percebe-se que a proposição do pensador se encaixa no contexto das bolhas sociais, visto que elas contribuem para a perda do diálogo, baseadas na ideia de que existem opiniões certas e erradas. Com isso, o que ocorre é o aumento da intolerância,pois, conforme a fala da antropóloga Françoise Hertier, a intolerância surge a partir da falta de contato com o outro. Logo, é fundamental que haja a mudança da mentalidade social para que ocorra o "rompimento" das bolhas que fecham os indivíduos. Outrossim, destaca-se a tecnologia como impulsionadora da problemática. De acordo com as pesquisas realizadas pela Universidade da Califórnia, as redes sociais são capazes de selecionar conteúdos a serem vistos pelos usuários, de acordo com o que já foi visto. Dessa forma, tem-se como consequência a padronização dos conteúdos e a falsa sensação de controle sobre as redes sociais, as quais estão repletas de pessoas com as mesmas opiniões. Ou seja, é indubitável que essa relação social baseada nos mesmos pensamentos limita o conhecimento acerca de outras culturas e, assim, colabora para a paralisia intelectual. Destarte, o controle sobre as redes sociais é uma necessidade e não um fato opcional. Fica claro, portanto, que a hodiernidade brasileira enfrenta sérios desafios das bolhas sociais e é de grande importância a sua resolução. Nesse sentido, o Ministério da Comunicação, em parceria com a Polícia Civil, por meio da fiscalização dos sites mais acessados no Brasil, tem o papel de punir os que realizam o monitoramento virtual, com a finalidade de permitir a heterogeneidade das publicações e, assim, levar os cidadãos a entrarem em contato com outros "mundos". Ademais, cabe ao Ministério da Educação promover aulas e palestras em escolas e universidades, com o fito de realizar debates acerca do atual contexto da perda do diálogo e formar uma juventude mais consciente e tolerante. Desse jeito, o Brasil poderá retirar sua população da individualidade, que Baumann já citava.