O Brasil contemporâneo passa por disputas polarizadas, em que opiniões antagônicas pouco convivem no ambiente virtual. Em vez de resultante de uma discussão democrática, essas disputas são consequência das bolhas sociais, em que indivíduos incapazes de aceitar contornos diferentes dos seus se agrupam. Ao contrário do que se espera das relações sociais, cuja função é preparar o individuo para viver em sociedade, inclusive nas redes sociais, as bolhas criam um ambiente inóspito aos contrates. Assim, não só a intolerância é propagada, mas todo tipo de valor contrário aos direitos humanos. Segundo o sociólogo Bauman, esse fenômeno em que sujeitos iguais buscam seus pares, a fim de manter um diálogo comum, implica em mais solidão. Para ele, essa situação impede o desenvolvimento das habilidades sociais, já que em vez interações concretas e duradouras, há crescimento do individualismo. Sendo assim, mais importante que considerar o ambiente virtual como um espaço social, é compreendê-lo extensão do mundo real, onde há consequências para comportamentos intolerantes. Ocorre que essa mensagem só será disseminada com a atuação contundente do estado, por meio de investigações policiais capazes de identificar e punir os responsáveis.