Bolhas sociais, grupos ideologicamente consentâneos, são identificados a partir da aglutinação de objetivos conflitantes. A formação destes coletivos distintos entre si, evidenciados pela expressão "bolhas", deixa exposto o caráter antagônico dos padrões de pensamento intrínsecos para a divisão dos integrantes, não obstante faz manifestar os sentimentos de identidade e pertencimento a uma dada militância. Nesse sentido, as consequências da formação de bolhas sociais no Brasil tange o desenvolvimento da sociedade politizada e sobretudo o crescimento da polarização em âmbito pátrio. Para entender o papel fundamental desses diferentes coletivos formados na sociedade humana é preciso ter em mente o processo de construção da perspectiva de nação. Sendo assim, o historiador Yuval Harari deixa claro no livro Sapiens: uma breve história da humanidade, que o estabelecimento de padrões morais, éticos, políticos e por vezes religiosos foi fundamental para politizar os indivíduos em favor da causa comum do trabalho em equipe, mas que ao mesmo tempo concorreu para estabelecer as divisões coletivas dissidentes. Dessa forma, para a contemporaneidade, as consequências das bolhas sociais seguem a mesma linha de raciocínio do historiador israelense, e competem para o surgimento de militâncias políticas com causas de atuação divergentes. Além disso, face ao trabalho dessas militâncias presentes, o cenário político-partidário é evidentemente abalado por conta da polarização promovida pelas mesmas bolhas sociais em âmbito político. De fato, essa polarização ficou clara e ganhou corpo após o levante da juventude neoliberal com os protestos do Movimento Passe Livre, em 2013, que pôs em debate a construção das políticas públicas. Não obstante, o recente ensaio do cenário com as novas frentes atuantes provou que muita intolerância e desrespeito podem acompanhar a polarização da sociedade. Sendo assim, as bolhas sociais têm fundamental importância para a construção da história brasileira, uma vez que fomenta a manifestação da comunidade política para tomar as rédeas das transformações sociais. Desse modo, é preciso pensar nas bolhas sociais, em especial político-partidárias, como identidades intrínsecas para a construção do debate político em âmbito pátrio. Nesse sentido, pode o Ministério da Educação promover uma reforma nas competências do ensino básico público por meio da criação de uma disciplina especial, que contemple as ciências humanas, no que se refere aos ensinamentos das práticas de participação política e pertencimento coletivo; sem que se ausente do debate em sala de aula os preceitos importantes de respeito e tolerância para que assim haja a construção e desenvolvimento da cidadania do estudante desde a sua infância.