"O que vivemos é real ou ilusão?" Essa questão já foi deliberada pelo filósofo grego Platão na teoria do mundo inteligível -das ideias. Atualmente, devido à superficialidade das relações sociais brasileiras, intensificada pelo demasiado tempo "online" da população, esse debate retorna no século XXI. Assim sendo, originando como subproduto uma bolha social marcada pela desnaturação dos elos afetivos, convém analisar as causas, consequências e possível medida para atenuar esse revés. Partindo da afirmação metafísica de que todo ser caminha para a consumação de sua natureza, Aristóteles defende que o fim do homem é a sua realização plena. Contudo, a busca por esse ideal está intimamente ligado não só ao narcisismo contemporâneo, mas também à evasão das relações sociais. Isso se evidencia pelo axioma de que as pessoas passam cada vez mais tempo em redes virtuais expondo seu modo de vida, buscando mais "likes" e promovendo-se do que interagindo fisicamente com outros que possam ter opiniões divergentes, sem o recurso de bloquear, tal qual no mundo virtual, corroborando o egoísmo aristotélico no Brasil. De mais a mais, contemporâneo da era digital, o sociólogo Zygmunt Bauman afirma que tudo é mais fácil na vida virtual, mas perdemos a arte das relações sociais e de amizade. Sob essa ótica, é perceptível o impacto do abuso das tecnologias de comunicação: o tempo que se passa "online" é ponderante na análise do suicídio, seja pela inobservância dos padrões comportamentais, principalmente entre os jovens, seja pelo quão conturbado e niilista possa ser o mundo virtual; pois, segundo o Ministério da Saúde, cresce concomitantemente os índices de suicídio e inserção de celulares no Brasil. Reverbera, assim, a necessidade de repensar a relação humana para com as bolhas sociodigitais. Em vista do que foi mencionado, o Ministério da Cultura deve investir em implementar políticas públicas que visam a manutenção do tempo que as pessoas passam na internet, como a realização de palestras, jogos, concursos culturais e atividades coletivas, utilizando de propagandas e campanhas para a divulgação. Espera-se, com isso, o maior engajamento da sociedade no meio familiar e interpessoal, munindo-a de valores humanos e preservando a vida.