Na busca de amparo tanto físico quanto mental, a formação de bolhas sociais torna-se um aspecto inerente à vida do homem em sociedade. No entanto, considerando a profunda crise política e a polarização por ela proporcionada no Brasil contemporâneo, essas bolhas acabam gerando zonas de pensamento dogmático, na maioria das vezes, restringindo discussões pacíficas e construtivas. Por aparentar certo distanciamento da realidade atual, muitas pessoas acabam não levando a sério tal fato, mas a formação de bandos, seja pelo homem, seja por qualquer outro animal, é - por si só - o desenvolvimento de uma bolha social. Ou seja, essa circunstância é um aspecto da natureza, um mecanismo de defesa, portanto, não há como evitá-la. Entretanto, ao se tratar de um ponto de vista mais contemporâneo, a situação muda totalmente de figura. No Brasil atual, por exemplo, questões políticas estão no centro das discussões, essas porém, extremamente restritas. A implacável polarização entre esquerda e direita faz com que diferentes pessoas, com variadas ideias sejam colocadas de um lado ou do outro. Além disso, existe o tema relativo aos algoritmos das redes sociais, que contribuem ainda mais nessa formação e manutenção de zonas de conforto individuais e avulsas a um pensamento crítico. Com todas as pessoas tendo uma forma diferente de pensar, é natural que a formação de bolhas sociais entre as que possuem ideias semelhantes, portanto, propostas de intervenção não devem ser direcionadas a evitar sua existência, mas sim a criar conexões entre elas. Dessa forma, a ação das escolas seria uma excelente forma de tratar a questão. Ao manter os jovens no centro de discussões abertas e democráticas sobre temas variados, principalmente polêmicos, como aborto, drogas, armas de fogo e preconceitos, seria possível - desde cedo - estabelecer nas próximas gerações uma mentalidade mais crítica e consciente das diversas posições existentes em toda a sociedade.