Tudo o que é mostrado pelas mídias sociais e plataformas de busca, como o Facebook e Google, é decidido a partir de fórmulas complexas, as quais selecionam o melhor para satisfazer os interesses individuais, formando as bolhas sociais responsáveis pelo aumento da intolerância contra determinados grupos pela segregação deles. Os filtros algorítmicos, modo como as redes sociais selecionam o conteúdo para o usuário, buscam promover o contato com informações semelhantes às pesquisadas anteriormente e que sejam agradáveis ao leitor. Ao mesmo tempo, tenta impedir a aproximação com material ideologicamente contrário. Isto é, esses filtros invisíveis procuram traçar o perfil de cada usuário para satisfazê-lo. O problema disso reside no isolamento social provocado e na ideia de superioridade de um grupo em detrimento de outros, como ocorre, por exemplo, com os evangélicos em relação a população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais ou Transgêneros). Grupos religiosos e conservadores da sociedade, partindo de ideias preconcebidas sobre a homossexualidade, ao buscar informações nas redes sobre o assunto encontrarão, a partir dos filtros algorítmicos, uma vasta produção que reforçará seus pontos de vista e os aproximarão de pessoas com ideias semelhantes. Dando-lhes o sentimento de pertencimento a um grupo e de superioridade, o que, por sua vez, irá contribuir para o aumento da homofobia e violência contra os LGBT. Conforme divulgado pelo Grupo Gay da Bahia em setembro de 2017, houve um aumento de 122 para 343 homicídios de LGBT no país entre 2006 e 2016, período que coincide com a ascensão das mídias sociais. As consequências das bolhas sociais no Brasil contemporâneo, portanto, não são só positivas como se pode perceber. Para modificar esse panorama é imprescindível que os cientistas da informática revejam o modo como o algoritmo vigente vem sendo aplicado. Além disso, o Estado brasileiro, constitucionalmente laico, deve promover, com a criação de programas educacionais a serem aplicados nas escolas, uma cultura de paz e respeito entre as pessoas. Cabendo também a toda a sociedade civil a cobrança da execução dessas intervenções com vistas à manutenção de uma sociedade que respeita a diversidade.