Devido à facilidade de se conectar ao mundo virtual, tão em evidência na atualidade, tornou-se comum compartilhar nas redes o próprio cotidiano, as tornando uma forma de diário online. Nesse contexto, contudo, essa autoexposição, quando em excesso, tem sido responsável pela ocorrência de crimes e de problemas psicológicos, tais como pedofilia e depressão, os quais encontraram na internet um ambiente fértil para a sua propagação. A princípio, a popularização da internet e, sobretudo, das redes sociais teve um papel determinante na comunicação e no favorecimento das relações entre as pessoas. Por outro lado, porém, com isso também cresceram os crimes que envolvem essa esfera social, como difamação, cyberbullying e pedofilia, resultantes, principalmente, do descontrole que o indivíduo tem sobre o conteúdo postado; logo, por conta da superexposição da maioria dos usuários, – envolvendo fotos provocativas e locais frequentados – têm-se facilitado a ação de criminosos que, ao optarem pelo anonimato, dificultam a ação policial. No ano de 2012, uma ilustração desse fato ocorreu quando a atriz Carolina Dieckhmann teve suas fotos íntimas compartilhadas por hackers, esse ocorrido foi base para a criação da lei que levou o seu próprio nome. Além disso, outra justificativa responsável pela superexposição nas redes relaciona-se com o fato de que no mundo virtual tudo é aparentemente perfeito, todos são felizes e as pessoas sentem-se, de alguma forma, protegidas por não precisarem expor suas imperfeições. Na opinião da psicóloga Kathy Zunniga, por exemplo, acaba sendo criada uma padronização do indivíduo, o qual passa a excluir e difamar os usuários que não fazem parte desse falso ideal de perfeição, sendo estes vítimas da exclusão e de problemáticas psicossociais, tais como depressão e cyberbullying. Como prova disso, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 26% dos adolescentes já praticaram bullying nas redes sociais. Nessa perspectiva, para que seja possível exaurir as consequências advindas da superexposição nas redes, mostra-se necessária uma ação conjunta entre Estado e sociedade. Para tanto, cabe ao governo, através do seu tempo de concessão nos canais televisivos, sites e aplicativos, a veiculação de campanhas publicitárias; nestas, a sociedade seria instruída a não expor exageradamente seu cotidiano e suas atividades na internet, como também, alertada sobre os possíveis reflexos desse ato. Ademais, é imprescindível que educadores, bem como a família, orientem crianças e adolescentes acerca do uso correto das redes, visando diminuir os riscos de ocorrência de crimes a partir do compartilhamento exacerbado de fotos e informações pessoais. Assim, o meio virtual poderá ser utilizado de maneira adequada.