Título da redação:

Diário público

Tema de redação: As consequências da superexposição nas redes sociais

Redação enviada em 21/05/2016

Consolidada em meados do século XX, a globalização possui uma influência considerável na sociedade atual, uma vez que somente por meio dela foi possível evoluir em aspectos humanos e socioeconômicos. No entanto, a ascensão das mídias sociais – recorrentes na aldeia global – reflete uma sociedade que, apesar de moderna, revela-se ignorante frente à auto-exposição virtual, mantendo-se refém de uma falsa ideia de segurança. Nessa perspectiva, é válido analisar as implicações da excessiva exposição nas redes sociais, bem como discutir alternativas de revertê-la. É importante salientar que o caminho para elucidar a problemática encontra seu primeiro obstáculo na delimitação da influência das redes virtuais no cotidiano popular. Considerada um direito humano, a inclusão digital ascendeu e se consolidou, com ela surgiu também à necessidade do homem moderno em expor-se. De acordo com o filósofo Zygmunt Bauman, na era da modernidade tecnológica o anonimato configura-se como suicídio, uma inexistência no mundo interconectado. Em consequência, há uma deturpação dos direitos humanos, uma vez que o equivocado conceito de liberdade restringe a integridade humana e a segurança ao expor informações pessoais e torná-las amplamente visíveis. Além disso, é recorrente a divulgação de uma falsa felicidade, em que ícones cibernéticos propagam ideias intangíveis de vida, saúde, dinheiro e sucesso, o que constrói um ideário insalubre em seus seguidores. Desse modo, a população se mostra refém de perspectivas erronias o que a torna uma massa de manobra de grandes empresas e pessoas. Com efeito, por trás dessa lógica existe algo mais grave: a viabilização de crimes virtuais, como o cyberbullying e o roubo de informações sigilosas. A auto-exposição excessiva facilita a ação do banditismo virtual, pois o próprio indivíduo divulga sua vida pessoal, o que ajuda criminosos a enganarem usuários, por meio de links e perfis falsos ou para roubar informações bancárias ou mesmo planejar um futuro crime hediondo. Outrossim, é comum a amplitude da violência sistêmica, bullying, no meio cibernético, através de discursos de ódio e postagens ofensivas. Essa é opressão simbólica da qual trata o sociólogo Pierre Bordieu: a violação dos Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, ela está, sobretudo, no ato de perpetuar preconceitos que atentam contra a dignidade de um grupo social. Assim, a excessiva exposição nas mídias de massa garante a perpetuação da tão temida violência popular também em âmbito virtual. Destarte, as consequências da exposição individual nas redes sociais respaldam um atentado à integridade humana e perduram falsos valores de sociedade. Por isso, é pertinente a tomada de medidas mais draconianas frente ao problema, sendo papel do Governo Federal, sob respaldo do Marco Civil da Internet, punir severamente crimes virtuais e facilitar a denúncia, por meio de plataformas de delação e fóruns virtuais, além de especializar setores policiais nesse gênero de crime em longo prazo. Ademais, urge às famílias e escolas o papel sinérgico de informar os mais jovens acerca dos riscos assumidos na auto-exposição, por intermédio de psicólogos, sendo importante a formação de usuários e estudantes conscientes em oficinas interdisciplinares e núcleos de discussão periódica. O debate sobre essa questão deve ser permanente no meio social, pois só assim é possível reverter o futuro incerto desse grande diário público.