O conto “O lodo”, de Murilo Rubião, faz uma metáfora para representar as aparências que mantemos. A história relata o problema de um paciente do psicanalista chamado Pink, que foi diagnosticado com um imenso lodaçal dentro de si. Esse representa as injúrias cometidas pelo paciente, que as nega e as esconde, enganando a si e aos outros. As redes sociais representam o papel do lodaçal, nas quais podemos mantes as aparências. Para sermos aceitos, muitas vezes, extrapolamos os limites entre o que deve ser público ou privado. Uma prática constante que as empresas adotaram na escolha de seus novos funcionários é, junto ao currículo, solicitar o nome de usuário nas redes sociais mais usadas pelo candidato. Com isso, eles analisam o conteúdo das postagens: se em muitas fotos há bebida ou se há muita exposição corporal; averiguam as ideias compartilhadas e as atitudes da pessoa ao ser contrariada em algum comentário. Tudo é avaliado e tem grande importância, acarretando, às vezes, no descarte de currículos competentes. Por outro lado, existem pessoas que sabem utilizar a seu favor o que expõem na “internet”. Os donos da fábrica de roupas esportivas, Rola Moça, do Rio Grande do Sul, utilizam tanto o perfil pessoal quanto a página da empresa para a divulgação da marca. O perfil profissional da Rola Moça está sempre atualizado, mostrando as novas coleções e anunciando parcerias, já que nos últimos anos a fábrica exportou para fora do estado e para fora do país. O perfil próprio dos donos é utilizado para postar fotos das reuniões e jantas que acontecem na residência particular deles, sem expor muito a família, porém retratando os bons laços comerciais. Visto que as redes sociais podem ser aliadas e, se usadas da melhor maneira, podem agregar boas características à conduta do dono do perfil, resta mostrar bons exemplo aos usuários. A comunidade poderia fazer parcerias com as empresas da região para promoverem reuniões que mostrem exemplos hipotéticos, mas baseados em reais, que caracterizem um perfil adequado para quem busca emprego, ou para quem apenas usa a rede para lazer. Isso porque o perfil não precisa ser perfeito; algumas pessoas, no entanto, desconhecem o limite ético e moral. As reuniões serviriam para deixar essas fronteiras mais compreensíveis.