No Brasil, a questão da biopirataria nunca foi dada a devida importância, visto que desde o Descobrimento do país, no século XIV, já é possível constatar sua existência. Pau–Brasil, acerola e mico-leão–dourado são alguns dos produtos utilizados nessa forma de comércio, considerada, atualmente, um crime. Nesse sentido, é indubitável que a biopirataria representa um desafio a ser enfrentado de forma organizada e urgente pela contemporaneidade. Nessa perspectiva, convém analisar as principais consequências e possíveis soluções para esse impasse. Primordialmente, é evidente que o tráfico ilegal da biodiversidade acarreta a extinção de espécies. Como exemplo, pode-se citar a arara azul que, por sua beleza, se encontra criticamente em perigo de extermínio, sendo caçada para servir como ave ornamental ou de estimação. Por conseguinte, essa aniquilação primária – ocasionada pelos seres humanos – acarreta uma outra de ordem secundária – ações antrópicas geram a extinção de espécies e a falta dessas proporciona o extermínio de outras -, interferindo nas cadeias alimentares dos ecossistemas, esses que por sua vez, em alguns casos, encontravam-se em clímax, ou seja, em alto grau de estabilidade ecológica. Ademais, averígua-se a surgimento de problemáticas socioeconômicas em decorrência da prática criminosa. Nesse âmbito, os efeitos da biopirataria são também sentidos no setor econômico, uma vez que empresas de outros países não só se valem do contrabando como também patenteiam produtos nativos. Em março de 2013, em uma ação do Instituto Brasileiro do meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 35 empresas estrangeiras foram autuadas pelo uso ilegal dos recursos naturais brasileiros, o que rendeu R$ 88 milhões em multas — valor que sequer compensa minimamente as perdas. Assim, o país deixa de arrecadar com os benefícios econômicos da matéria-prima nativa extraída. Desse modo, é notório que a biopirataria necessita ser extinta. Portanto, cabe ao Ministério da Educação, juntamente com o da Cultura, por meio da implantação de projetos em escolas e demais locais de acesso ao público, mostrar a importância da biodiversidade à população e instigar nela a não imparcialidade frente a transgressão, tornando-a colaboradora com a justiça, no intuito de preservar a fauna e flora. Concerne ao Ministério do Meio Ambiente, em conjunto com a sociedade, mediante denúncias feitas pelos civis e dos aparatos tecnológicos atuais (drones, GPS), fiscalizar mais rigorosamente a infração para que o país não tenha perdas econômicas relacionadas a essa adversidade. Assim, será possível a construção de uma nação que respeite as diferentes espécies do planeta Terra, buscando a sua preservação.