Desde o iluminismo entende-se que a sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. Dito isso, os animais merecem igual atenção, zelo e cuidado, apesar de sua irracionalidade. Contudo, ao observar, hodiernamente, as taxas remanescentes da biopirataria no Brasil, verifica-se que tal ideal iluminista é constatado em teoria, mas não desejavelmente na prática. Dessa forma, seja pela origem de tal nefasta prática comercial, atrelada a fatores socioculturais e educacionais, seja pela falta de compreensão de seus resultados danosos, a problemática persiste no Brasil, acarretando em sérios problemas ecológicos e econômicos. É evidente que as questões educacionais estejam intimamente ligadas ao tema, pois, de acordo com Aristóteles, a educação é fundamental para o bom funcionamento da pólis. Portanto, a carência da abordagem educacional efetiva sobre a pirataria de animais em escolas do Brasil inteiro corroboram com a incidência atividade ilegal que não decresce, e desse modo, contribui para sua continuidade. Outrossim, Segundo Zygmunt Bauman, filósofo polonês contemporâneo, a sociedade do séc.XXI vive uma “Era Líquida” em que a descartabilidade das coisas e suas acessibilidades leva o ser humano a realizar ações sem pensar em seus resultados fatídicos. Dentro desse contexto, a biopirataria surge como uma acessível e lucrativa prática comercial aos contrabandistas e um perigoso entretenimento para a ecologia brasileira. Em outras palavras, as pessoas relacionadas a essas atividades não consideram que segundo os estudos e pesquisas da Biologia, as mínimas alterações na fauna e na flora de um país carrega consigo enormes consequências ecológicas ao ecossistema em questão e, consequentemente, as atividades econômicas ligadas ao setor primário (plantio e extração) são prejudicas, afetando a balança comercial nacional. Diante desse cenário, fica claro que medidas fazem-se necessárias. O Governo Federal, por meio do MEC, deverá implantar a discussão efetiva sobre a biopirataria nas escolas, fazendo uso da base curricular filosófica e sociológica, bem como da Biologia, a fim de demonstrar as causas socioculturais e econômicas relacionadas, como evita-las e suas consequências ambientais, assim, ideais iluministas e aristotélicos sobrevivem a atual Era Líquida.