Título da redação:

Mantendo a unidade.

Proposta: As consequências da biopirataria no Brasil

Redação enviada em 23/11/2018

Desde o século XVI, o Brasil sofreu com a exploração quase que desenfreada de seus recursos naturais. Isso ocorreu, em um primeiro momento, com a retirada do pau-brasil e de animais diferentes dos já conhecidos, e depois, com a procura pelas drogas do sertão, como o tabaco e temperos - todos exportados para a Europa. Nesse contexto, percebe-se que o interesse, das nações desenvolvidas, por produtos exóticos, é algo constante na história. Esse fato faz com que práticas de biopirataria ainda aconteçam no país, levando a um atraso no desenvolvimento científico brasileiro e à ameaça de ecossistemas nacionais. Outrossim, a exploração ilegal da natureza atende aos anseios capitalistas dos países desenvolvidos. Tal prática viabiliza o estudo e a produção de compostos, encontrados na flora e na fauna brasileiras, nesses países, que investem muito nessas pesquisas. Como consequência, o Brasil perde parte do controle sobre o próprio território, além de pagar altos preços de importação de tecnologias científicas que poderiam ter sido desenvolvidas nacionalmente. Essa ideia é corroborada pelo pensamento do antropólogo Roque Laraia, o qual expõe que, para a capacidade intelectual das pessoas ser desenvolvida, é necessário que os indivíduos tenham acesso ao material adequado para esse fim. Desse modo, fica clara a importância que maiores incentivos financeiros à ciência possuem para a problemática. Além disso, a persistência do comércio ilegal de espécies naturais denuncia a ineficácia dos atuais modos de controle e preservação da natureza - o que traz impactos negativos para o meio ambiente como um todo. Esse apontamento vai ao encontro da teoria de Spinoza, o qual defende que a natureza inteira é um só indivíduo. Essa conclusão mostra sua validade sabendo-se que a extinção, tanto de animais, quando de vegetais, afeta toda a cadeia alimentar e as relações intraespecíficas na natureza, desequilibrando o todo, que é o ecossistema. Destarte, percebe-se que os impactos ambientais em biomas específicos alastram-se para todos os outros, sendo necessário um maior cuidado com esse aspecto. Portanto, fica claro que a biopirataria é um problema que estende-se desde o período da colonização, afetando o avanço científico e agredindo o meio ambiente. Para solucioná-lo, o Poder Legislativo deve criar uma lei que obrigue todas as instituições de ensino superior a destinar parte de suas verbas às pesquisas científicas nas áreas ambientais, definindo também a concessão de empréstimos, com juros reduzidos, aos que necessitem - alavancando, assim, a investigação das potencialidades naturais. Ao Ministério do Meio Ambiente, cabe a função de fiscalizar as áreas que sejam alvos de atuação internacional, a partir da mobilização de agentes ambientais como fiscais e polícia florestal, garantindo a conservação e barrando o contrabando de espécies. Com essas medidas, a unidade defendida por Spinoza será mantida.