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Redação sem título.

Proposta: As causas da violência nos estádios de futebol

Redação enviada em 05/07/2018

A final do Campeonato Brasileiro de 1992, disputado entre Flamengo e Botafogo, ficou marcada pelos acontecimentos violentos que resultaram em mortes e ferimentos de várias pessoas. Passados mais de vinte anos desse fato, as diversas manifestações de violência nos estádios persistem e ocorrem com regularidade em dias de jogos. Em decorrência disso, faz-se necessária a análise cuidadosa das principais motivações à permanência desse cenário no país e da importância governamental no tocante às medidas para mitigar o problema. É preciso destacar, em primeiro lugar, a conjuntura hodierna brasileira, marcada por forte violência em seus espaços. Fala-se em “cultura da violência”, na qual o racismo, a xenofobia, o machismo e tantos outros tipos fazem parte do cotidiano da maioria da população. Nesse sentido, os espaços dos estádios de futebol transformaram-se em ambientes ideais para a manifestação ainda maior desses sentimentos, tendo em vista que a excitação trazida pelos jogos e a expansão das emoções contribuem para a exaltação dos ânimos que, normalmente, são repreendidos em locais da rotina dos indivíduos, como o trabalho e as instituições escolares. Além disso, o uso frequente e excessivo de bebidas alcoólicas por parte dos torcedores acentuam a sua falta de controle, sobretudo sobre os atos violentos. Dessa forma, é essencial a presença, nesses locais, de órgãos que repreendam e punam tais atos. Outrossim, convém ressaltar o papel das torcidas organizadas nesse processo. Esses grupos, a princípio formados pela sensação de pertencimento e de alegria da torcida conjunta, passaram a se fechar e se tornar inimigos, fato que acentuou os isolamentos e as oposições quase sempre repressivas e violentas. Esse cenário, por sua vez, é explicado pelo antropólogo Lévi-Strauss, quando afirma que as diferenças entre os grupos causam inquietação, pois contrariam sua identidade. Destarte, busca-se a violência contra torcidas opostas como uma tentativa de diminuir e mesmo apagar a diversidade, o outro diferente. Fica claro, portanto, que a violência nos estádios brasileiros de futebol tem causas evidentes e complexas, as quais urgem reparos e soluções. Assim, é essencial que o Ministério da Segurança, em conjunto com as Polícias Militar e Civil de cada região, trabalhem no preparo, treinamento e organização de polícias especializadas em segurança nos estádios, a exemplo do GEPE, no Rio de Janeiro. Com isso, será assegurado que as normas sejam cumpridas nesses espaços e que o torcedor se sinta seguro, como garante o Estatuto de Defesa do Torcedor, de 2003. Dessarte, a aceitação das diferenças, como desejava Strauss, substituirá as inquietações violentas nos espaços esportivos do Brasil.