A banda Skank traz esta indagação em uma de suas músicas: "quem não sonhou em ser jogador de futebol?". Tal pergunta reflete a forte relação que o brasileiro mantém com o futebol e seu sentimento por ele. Entretanto, o laço construído na infância que invade o sonho de meninos e meninas torna-se pesadelo com a atual violência nos campos de futebol, devendo-se avaliar as motivações para o quadro existente como o passado histórico do Brasil e a passionalidade do brasileiro. Primeiramente, cabe ressaltar o reflexo de um passado histórico violento na situação dos estádios. Visto que a cultura é uma construção social que se molda a partir das vivências de uma sociedade, a posse de uma sequência de experiências violentas constrói uma cultura de violência que se refletirá em diversas áreas dentro da população brasileira, inclusive no esporte. Dessa forma, a mistura da paixão pelo futebol com a mentalidade trazida pela violência pertencente à história do país, como a escravidão, a dizimação dos índios e a ditadura civil militar, resulta nas atuais notícias de agressões não só nas arquibancadas mas também entre os jogadores, mostrando que o problema está além dos campos, ele é intrínseco à sociedade. Além disso, a passionalidade do indivíduo nascido no Brasil torna-se outro agravante do quadro. Segundo Sérgio Buarque de Holanda, renomado historiador, o brasileiro é um ser passional e não racional. Isso revela o perigo da paixão nacional pelo esporte no território considerado "o país do futebol", já que a falta de racionalidade acarreta atos descontrolados. Logo, a impulsividade causada pelas emoções mostra-se latente nos estádios, implicando rivalidades entre times, embate entre eles e, em casos graves, a morte de torcedores. Fica claro, portanto, a necessidade de se avaliar as causas da violência nos campos de futebol. Desse modo, ONGs e escolas podem promover campeonatos de futebol no ambiente escolar relembrando o propósito da união no esporte e tendo como prêmio a missão de ajudar uma instituição de caridade, mostrando como o futebol auxilia na construção do indivíduo e da empatia, retirando a mancha da violência da sua história. Ademais, a mídia televisiva por meio de séries e novelas deve trazer o assunto em pauta para instigar a discussão nas famílias e, assim, tornar o sonho infantil de ser jogador de futebol distante da violência.