Era comum, na Alemanha nazista, milhares de pessoas se reunirem, com um exorbitante sentimento de coletividade, para ouvir e aplaudir discursos de ódio - sem nem mesmo se ponderarem sobre tal ato. No futebol o sentimento é equiparado, transcendendo os limites do que é torcer, transformando-se em um sentimento de rivalidade que provoca agressões entre as torcidas. Nesse sentido, a violência nos estádios é causada por essa índole que permanece ignorada e pela ineficácia da segurança. Nessa perspectiva, o cenário futebolístico é caracterizado como um verdadeiro ringue de torcidas. Assim, como afirma o historiador Eric Hobsbawm, o futebol age na sociedade universalizando as pessoas por meio da formação de uma identidade única, o seu clube. Dessa forma, isso traz um sentimento coletivo, que pode exceder os limites de torcida, causando uma rivalidade entre as torcidas. Como consequência, os estádios transformam-se em cenários aterradores, no qual principalmente as torcidas organizadas partem para brigas, sendo o Brasil o campeão de mortos dessas torcidas, de acordo com dados do sociológico Maurício Murad. Dessa maneira, há conflitos nos campos de futebol por parte de fanáticos cegos pela rivalidade, e que as vítimas são os próprios torcedores. Além disso, a segurança nesses locais permanece precária, mesmo que a questão seja grave no país. Como revelam os episódios do Paulo Ricardo Gomes, que foi atingido por um vaso sanitário, e o do Lucas Lyra, que levou um tiro da própria vigilância presente, o policiamento é fraco e inexperiente. Outrossim, há também conflitos internos nas arquibancadas, com a ocorrência de desrespeito entre os torcedores, como o racismo que é recorrente, ou até mesmo por questões de sexualidade, uma vez que casais vão aos estádios comumente para torcer. Por isso, a ida aos jogos se torna um desafio por conta falta de compromisso à segurança dos torcedores. Fica claro, então, que o futebol vem sendo palco de crimes de violência por conta da grande rivalidade. Logo, a fim de mudar isso, o Estatuto do Torcedor deve atuar junto aos clubes para criar "Cartilha do Torcedor", que contenha instruções do que não se pode fazer nos estádios, como o conflito com outro torcedor, e também as consequências de se realizar tais crimes, como uma possível prisão ou proibição da entrada do torcedor. Destarte, é importante também que se contrate mais seguranças por parte dos clubes e que esses sejam igualmente dispersados no campo, para que os torcedores não se sintam ameaçados.