Existe no mundo uma cultura de violência ainda não superada pelos avanços nas áreas da ética e moral. No Brasil, essa cultura se mostra acentuada, principalmente, nos casos de violência nos estádios de futebol. Nesse contexto, os fatores causais da permanência dessas práticas na sociedade brasileira se relacionam com o ideário de rivalidade e a intolerância. De acordo com Helen Keller, que foi uma importante escritora e ativista social norte-americana, o resultado mais sublime da educação é a tolerância. Sendo assim, em um contexto social em que, frequentemente, a educação é negligenciada como no Brasil, tornar-se-á constante a ocorrência de casos de intolerância. Além disso, o aumento do caráter intolerante na sociedade, principalmente quando somado às tendências culturais de violência, traz consigo resultados nocivos à manutenção da ordem social, causando, por fim, perdas materiais e humanas, como é o caso das mortes ocasionadas a partir da violência nos estádios brasileiros que tanto prejudicam o desenvolvimento pleno da sociedade brasileira. Ademais, existe no futebol brasileiro uma estratégia de marketing que faz uso da incitação à rivalidade entre times como forma de legitimar a importância do apoio das torcidas e, consequentemente, seu comparecimento nos estádios. Esse marketing se faz presente em obras publicitárias e propagandas vinculadas à veículos midiáticos na qual as partidas de futebol são, frequentemente, representadas como uma batalha a ser vencida. No entanto, a disseminação desse ideário cria inimizades entre torcidas, especialmente entre as torcidas organizadas, e que na prática pode tornar por favorecer o acontecimento de conflitos violentos entre as mesmas, como é experienciado, quase que cotidianamente, no ambiente dos estádios brasileiros. É possível, portanto, relacionar a intolerância e o incentivo à rivalidade como fatores potencializadores da conjuntura de violência nos estádios de futebol. Em decorrência disso, o Governo Federal e os times brasileiros devem agir em conjunto para reverter esse cenário desfavorável. Aos times, cabe a responsabilidade de dialogar entre sí e, também, com suas torcidas por meio de palestras e campanhas publicitárias que visem maior união e respeito no cenário futebolístico com a finalidade de desestigmatizar o ideário de rivalidade que propicia a violência. Além do mais, cabe ao Governo Federal, por meio do Poder Executivo, realizar oficinas e debates em escolas e praças públicas que abordem a tolerância e a valorização da pluralidade cultural e pessoal do povo brasileiro com o objetivo de conscientizar a população acerca da necessidade da tolerância em um país tão diversificado culturalmente quanto o Brasil.