Título da redação:

Diferentes

Proposta: As ações humanas atuais e a herança para o futuro

Redação enviada em 23/03/2016

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Certamente, hoje, Brás pontuaria entre tal herança o descompasso social criado pelas novas tecnologias e o desleixado cunho político de alguns nichos sociais. Deve-se, então, analisar esses tópicos e suas respectivas consequências. O uso irrestrito e abusivo das novas tecnologias tende a atomizar as relações sociais com o tempo. É de senso ordinário a diversidade e quantidade de utilidades das redes sociais, por exemplo, entretanto, tais meios são usados o dia inteiro, em diversos aparelhos, criando a sectária necessidade de atualização e divulgação da própria vida. Criando, dessa forma, uma dinâmica na qual o escopo não é ler a opinião alheia, mas sim, alimentar o narcisismo. Produzindo o que Bauman chama de sociedade líquida, na qual as relações pessoais escoam pelos dedos. É possível pontuar, também, a política estereotipada como uma nefasta herança. A lógica na qual pais médicos, flamenguistas, católicos...têm grande indução nas futuras decisões dos filhos, faz com que esses, muitas vezes, adotem, mesmo que sem pressão, as mesmas ideologias dos pais, sem analise sobre certo assunto. No entanto, quando em âmbito político, essa herança pode se propagar como uma doença infecciosa, fazendo com que as decisões políticas sejam tomadas de forma arbitrária, sobre rótulos e sobrenomes. Portanto, para prevenir as consequências de tais empecilhos é necessária a intervenção estatal e social. O primeiro , promover o ensino político nas escolas (de forma não partidária), mas sim, melhorando a capacidade intelectiva de escolha, usando a história como modelo. O segundo, usar os meios tecnológicos, também, para absorção de conhecimento e opinião popular, não somente como mural da própria vida. Somente assim poderemos fazer errada a letra de Cássia Eller: " Ainda somos os mesmos, e vivemos iguais aos nossos pais."