O Brasil é , historicamente, um país agroexportador que apresenta potencialidades naturais inimagináveis. Contudo, a evidente dificuldade para o escoamento de produtos , reflexo da falta de infraestrutura e da baixa diversidade e integração da matriz de transportes brasileira, impede o integral aproveitamento desse potencial. Nesse sentido, é notório a necessidade de alternativas para se combater esse panorama contraditório de rica produtividade e reduzido retorno socioeconômico devido aos impasses na mobilidade , o conhecido "custo Brasil". A priori, é válido ressaltar o predomínio do rodoviarismo e suas consequências. A política desenvolvimentista de J.K firmou o predomínio do modelo rodoviarista de transporte no Brasil , atendendo aos interesses das grandes multinacionais automobilísticas em detrimento da real , e a longo prazo, necessidade da nação brasileira. Isso porque foi adotado um transporte que não satisfaz as particularidades de um país de extensão continental , maximizando os gastos com combustíveis e com a manutenção de estradas. Assim , reduz-se a competitividade do agronegócio brasileiro no exterior, uma vez que o aumento dos preços e do tempo de entrega dos produtos são reflexos notórios. Paralelamente a isso , modelos que poderiam ser mais aproveitados no país , como o ferroviário e hidroviário, recebem importância secundária e , carentes em infraestrutura e investimentos, não são rentáveis à máquina agrícola nacional. Ademais, é factual que o transporte intermodal é o melhor caminho para melhorias no escoamento de produtos. Todavia, a defasagem da matriz de transportes de cargas brasileira dificulta essa integração e , devido à precariedade e ineficiência do transporte nas rodovias nacionais , provoca o encarecimento dos produtos brasileiros ao transferir os custos ao consumidor. Concomitantemente, a prevalência dos portos no sudeste e sul do país e a morosidade dos mesmos agravam ainda mais esse cenário , evidenciando a essencialidade da busca por uma maior dinamicidade no escoamento e transporte de cargas no Brasil. Para isso , o aproveitamento das bacias hidrográficas para navegação e escoamento , em conjunto com novos portos e mais investimentos também no setor ferroviário , são alternativas que precisam ser utilizadas para agilizar e melhorar a integração multimodal brasileira. Afinal , como afirmou Milton Santos : " Hoje não basta produzir , é indispensável pôr a produção em movimento." Diante disso , fica clara a necessidade de intervenção. Cabe ao Ministério do Transporte investir na intermodalidade , por meio da maior destinação de verbas para ferrovias e hidrovias e para a construção de portos mais bem distribuídos pelo país , a fim de diminuir a dependência do transporte rodoviário e descentralizar os locais de escoamento de produtos para o exterior. Outrossim, organismos não governamentais devem atuar na fiscalização dessas obras e na denúncia de irregularidades que possam provocar a perda de produtos e causar problemas no meio ambiente , com o intuito de atrelar a tentativa da superação de uma mazela socioeconômica à sustentabilidade. Só assim será possível que alternativas para o escoamento de produtos no Brasil sejam possíveis e sustentáveis.