A violência infantil é característica da cultura brasileira. A imagem do pai ou mãe “educando” os filhos com violência e naturalizada, o que dificulta a denúncia e o debate sobre a validade da “palmada que educa”. Segundo o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador do Programa de Estudos sobre Violência da Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais, o SUS só registra de 10 % a 15% das ocorrências cotidianas de violência. Muitos casos são deixados de lado por aceitarmos tacitamente que o adulto agrida uma criança. Infelizmente o senso comum fala mais alto que qualquer especialista em educação, como Wallon, Piaget ou Paulo Freire. Quando um jovem apresenta algum desvio de conduto é comum escutarmos: “faltou surra”, “uns tapas davam um jeito”, “se não apanhou dos pais vai apanhar da polícia”. A violência parece ser a única solução. Para o jovem não roubar deve apanhar antes, se ele roubar, deve continuar apanhando. A criança é tratada como um saco de pancadas, é natural que ele reproduza a violência quando mais velho, formando um ciclo. Precisamos mudar a nossa percepção sobre os direitos da criança e do adolescente e os métodos para educá-los . O combate à violência infantil passa por políticas educativas para os jovens conhecerem seus direitos e de conscientização dos adultos para respeitarem os infantes.