Desde o século XVI, com a chegado oficial dos portugueses em terras tupiniquins, o processo de formação da sociedade brasileira foi marcado pela violência contra índios e africanos, contudo, essas agressões adentraram os lares. Nesse ínterim, os maus tratos contra crianças são constantes, tendo em vista o despreparo dos pais em consonância com a inoperante legislação vigente. Consoante Immanuel Kant, o homem é aquilo que a educação faz dele. Nesse sentido, as crianças que sofrem violência tendem a praticá-la na fase adulto, perpetuando esse mal. Aliás, dados do relatório Violência letal contra crianças e adolescentes no Brasil mostram que a agressão física é a mais frequente sofrida pelos menores de 17 anos e que a maior parte é cometida em casa, pelos pais. Nesse viés, os responsáveis mostram um total despreparo para formar seus dependentes. Segundo Gilberto Freyre, o ornamento da vida está na forma com um país cuida de suas crianças. Nesse aspecto, existe legislação que protege crianças e adolescentes, todavia não há uma efetiva aplicação por falta de fiscalização estatal. De acordo com Cecy Dunshee de Abranches, médica psiquiatra da Coordenação Técnica de Saúde Mental do IFF, tais agressões resultam em dificuldade no aprendizado, comportamentos negativos, incapacidade de construção de relações interpessoais, baixa autoestima e humor depressivo, desfavorecendo toda formação pessoal da vítima. A violência infantil é, portanto, um mal que precisa ser combatido no Brasil hodierno. Para atenuar esse quadro, o Governo Federal deve promover uma maior fiscalização das leis vigentes por meio da popularização das denúncias via telefone. Ademais, a mídia, por intermédio da televisão, rádio e internet, deve promover a conscientização da população para os males gerados por esse tipo de agressão na formação das crianças, isso por intermédio de programas com palestras e debates entre pais e educadores renomados. Só assim o país poderá livrar-se desse cenário vergonhoso.