Título da redação:

A desumanização dos cuidados na saúde pública

Tema de redação: Acesso ao sistema público de saúde: os problemas enfrentados pelos brasileiros

Redação enviada em 09/10/2017

No início do século XX, avanços nos campos da genética e da citologia proporcionaram uma mudança de paradigma na medicina. Graças a eles, hoje existem tratamentos e métodos de diagnóstico de doenças complexas, como a anemia falciforme e a eritroblastose fetal. No Brasil contemporâneo, entretanto, o descaso do poder público com a saúde da população a deixa padecer de moléstias há muito conhecidas. Nesse sentido, deve-se destacar os maus-tratos sofridos pelos cidadãos nos hospitais públicos bem como a incapacidade desses centros fornecerem adequado cuidado às doenças psicológicas. Mormente, pode-se observar que os postos de saúde não possuem nem infraestrutura nem profissionais suficientes para dar condições salubres aos doentes. Michel Foucault, sociólogo francês, lançou um olhar crítico sobre o funcionamento dos hospitais, percebendo que sua dinâmica mecanizada muitas vezes desumaniza os enfermos. Essa tendência é potencializada, no Brasil, devido ao grande número de pacientes por médico e à escassez de material hospitalar, os quais provocam a necessidade de improvisos que constrangem aqueles que clamam por alívio. Dessa forma, doenças aparentemente simples se transformam em grandes traumas. Outrossim, nota-se a existência de uma problemática negligência em relação a enfermidades de cunho psiquiátrico. Segundo pesquisa realizada em 2017 pela Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o primeiro país do mundo em casos de transtorno de ansiedade e quinto em casos de depressão. Ambos esses quadros clínicos demandam diagnóstico e acompanhamento bastante personalizado e especializado. Além disso, eles estão correlacionados a condutas suicidas, o que aumenta a gravidade da situação. Destarte, depreende-se que o cenário da saúde pública é precário e demanda maior atenção de Estado. Ele deve, na figura do Poder Executivo, aumentar o investimento nessa área, por meio de cortes não só nas verbas de gabinete dos parlamentares, mas também no fundo eleitoral, para que hospitais sejam construídos e modernizados e mais profissionais sejam contratados. Ademais, a sociedade pode pressionar o Presidente da República, por intermédio de propostas de iniciativa popular, com o objetivo de catalizar as mudanças necessárias.