Desde a ascensão da política capitalista, após a Guerra Fria, o mundo vem priorizando demasiadamente produtos e mercados em detrimento dos valores humanos. Nessa ótica, o retorno de patologias consideradas erradicadas comprova o descaso governamental para com a vida dos cidadãos brasileiros. Sob este aspecto, é relevante discutir não só a falência das políticas públicas de combate às mazelas endêmicas, mas também a inércia cidadã frente ao problema. Durante a Revolta da Vacina, nos anos 80, o objetivo do Estado era erradicar a então epidemia de febre amarela baseado na vacinação obrigatória. Nesse contexto, o medíocre pensamento de minimizar os agravos das doenças por meio da prevenção vacinal se repete há décadas, uma vez que a ausência de investimentos em saneamento básico, contenção do desmatamento e escassez de educação preventiva são os principais fatores da permanência de doenças reincidentes no país. Desse modo, é necessária uma mudança de foco das ações de saúde pública na sociedade brasileira. Outrossim, é indubitável que ao negligenciar o seu papel de cuidador do bem comum, cada cidadão auxilia na crescente proliferação de mazelas. Para Durkheim, o ato social é a maneira coletiva de agir e pensar, dotada de generalidade. Baseado nesse pensamento, o descaso proposital de indivíduos que degradam a natureza e acumulam água em suas residências coopera para a continuidade secular de enfermidades como a Dengue. A persistência das doenças erradicadas, portanto, decorre de fatores sociais e políticos. Assim, a União deve investir na criação de comissões que fiscalizem mensalmente as áreas sem saneamento ou com degradação de matas, a fim de identificar e, posteriormente, revitalizar essas localidades. O Ministério da Saúde precisa criar programas educativos, por meio de aplicativos com orientações lúdicas que proporcionem uma reeducação à população brasileira, pois como disse Kant, o homem é produto da educação que recebe.