Título da redação:

O regresso epidêmico

Tema de redação: A volta de doenças erradicadas no Brasil

Redação enviada em 27/06/2017

Com o advento das Grandes Navegações do século XVI, os portugueses iniciaram um longo período colonizatório no Brasil que, entre tantas consequências, expôs os nativos a patologias antes nunca observadas no continente americano. Todavia, no século XX, variados avanços no saneamento básico e na medicina eliminaram doenças do território nacional que o acometiam desde os primórdios de sua formação. Mas, mesmo com tais incrementos contribuindo para o aumento da qualidade da saúde brasileira, é possível constatar que, devido à ação antrópica nas relações ecológicas e à diminuição dos recursos gastos com campanhas preventivas, casos de moléstias antes ditas como extintas têm voltado a ocorrer nos centros urbanos e em áreas rurais, levando o país a um cenário epidêmico. No século passado, milhares de pessoas se mobilizaram contra a instituição da vacinação obrigatória no Brasil, compreendendo um movimento hoje denominado por "Revolta da Vacina", que espalhou boatos sobre supostos malefícios da introdução de antígenos atenuados ao organismo. Em contrapartida, ainda que se tenha acesso facilitado a informações sobre essa forma de imunização na contemporaneidade, observa-se o crescimento gradual de famílias contrárias à vacinação, de maneira que, se predominado esse pensamento sobre parte considerável da população, o país poderá vir a sofrer com a constante ameaça do surto de viroses e bacterioses novamente. Acerca disso, é indubitável que o retorno de doenças que são transmitidas por vetores, como a febre amarela, resulta da ausência de medias profiláticas caseiras, mas também é fruto da não vacinação populacional. Por outro lado, convém pontuar que as constantes alterações causadas no Meio Ambiente por incidência de desmatamentos, da construção de hidrelétricas e da modificação dos biomas têm causado interferências nas interações ecológicas naturais entre seres vivos, de modo que variados animais, carregadores de antígenos patogênicos, migram para localidades habitadas por seres humanos, catalisando os processos de retorno de doenças que eram ditas erradicadas até então. Destarte, é notório que o dever da modificação de hábitos para a prevenção de doenças não é somente da população, no entanto é ademais das empresas que fazem o uso direto de matérias extraídas da natureza. Assim, em consonância ao provérbio popular brasileiro que afirma que "é melhor prevenir a remediar", é função do Ministério da Saúde a implantação de uma ampla reforma no sistema público de saúde do país, de maneira que seu objetivo primordial seja a promoção de visitas de médicos e enfermeiros em casas e conjuntos habitacionais para checar cartões de vacina e a higiene local, além de realizar orientações acerca de como evitar a incidência de males à saúde nesses meios. Ademais, é dever do Ministério do Planejamento aliar-se ao Ministério do Meio Ambiente a fim de priorizar o desenvolvimento sustentável e a preservação de ecossistemas em obras públicas com elevado nível de interferência biomática, de modo a evitar a dispersão de vetores de doenças para os centros urbanos. Dessa forma, erradicar-se-á, gradativamente, as epidemias antes extintas que, de forma alarmante, voltaram a acometer a nação brasileira.