No livro “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, o escritor brasileiro demonstra a dura realidade das classes menos abastadas da sociedade, apresentando as dificuldades e lutas diárias deste grupo social, e como a pobreza influencia no acontecimento de crimes e violência. Em paralelo ao livro, a situação do Brasil é, em partes, homóloga à apresentada na obra. A violência e a criminalidade brasileira encontram-se em um patamar elevado, além da pobreza que assola milhões de brasileiros. O Estado, apesar de buscar soluções aos referidos problemas, pouco tem sido capaz de alterar na ordem societária vigente, ocorrendo a necessidade de mudanças políticas e do setor de segurança. Os países em desenvolvimento tendem, no geral, a encabeçar os rankings da violência mundial. O Brasil, porém, destaca-se fortemente nestes dados. O país apresenta o maior nível absoluto de homicídios/ano, com aproximadamente 60.000 assassinatos anuais, segundo a ONU, além de estar presente como um dos maiores níveis relativos, com 26,2 homicídios/100.000 hab.. Consequentemente ao alto número de crimes, deriva a alta população carcerária no Brasil, com valores próximos à 500.000 presos, que custam aproximadamente 22 bilhões anuais ao cofres públicos, segundo o Governo Federal do Brasil. Os números assustadores são acompanhados, infelizmente, de uma segurança pública despreparada e com poucos investimentos. Tornaram-se rotineiros os casos de policiais que cometem graves erros em suas abordagens, causando até a morte de civis inocentes. A situação estressante, acompanhada de um salário baixo, aproximadamente R$1.108,00 por trabalhador, resultam em ações precipitadas e na ausência de proteção à população. Como resultado, surge um ambiente público propício e estimulante ao acontecimento de rimes, como explicado pelo sociólogo Émile Durkheim, através dos fatos sócias, que são fatores externos ao indivíduo, mas que influenciam suas ações fortemente. Ao analisar os fatos, torna-se necessária, por conseguinte, a ação do Estado e da sociedade para a correção deste impasse. O Ministério Público deve aumentar os investimentos na segurança pública, aumentado os salários dos policiais e seu contingente, através de direcionamento direto de impostos ao setor. O Governo Federal deve ampliar o número e a capacidade das prisões, para poder atender ao alto número de presos. A sociedade deve, como um todo um, acolher e ajudar as vítimas de crimes, para que estas possam, até que se melhore a situação criminal brasileira, ter uma base de apoio moral e financeira.