Família, educação e Estado, são um dos pilares sociais mais importantes no Brasil, e segundo a corrente sociológica funcionalista, quando algo na sociedade está em desequilíbrio, algumas das funções dos pilares citados não estão sendo bem aplicadas, causando a quebra da harmonia social. Mas no que diz respeito a crescente violência no Brasil, quais funções devem ser atentadas? É um tanto quanto superficial atrelar violência à pobreza, deve-se perceber que a falta de oportunidade, escolaridade e até mesmo exemplos a serem seguidos podem impulsionar jovens a adentrarem à criminalidade. Promessas de dinheiro fácil e possibilidade de ascensão social contrastam com a dura realidade de milhões de brasileiros que sobrevivem com salários indignos. Paralelamente tem-se a educação pública brasileira deteriorada e a concorrência de empregos prestigiados cada vez mais acirrados, que implicitamente, servem de trampolim para jovens que veem o roubo ou tráfico, por exemplo, como um caminho mais “fácil”. Os presídios brasileiros estão a cada ano mais lotados, pois grande parte dos jovens que saem dos presídios acaba optando pela reincidência. Ao sair da cadeia, os ex-presidiários percebem que a barreira social é ainda maior, o preconceito junto com a falta de estudo torna mais complicado a inserção ao mundo de trabalho. Segundo dados do Governo Federal, há quase meio milhão de detentos no Brasil, seguido de um déficit de quase 200 mil vagas no sistema prisional, o que obriga a justiça à adotar medidas drásticas, como a progressão da pena de presos para regimes semi aberto, justamente no intuito de esvaziar as cadeias. Portanto, fica evidente que pilares sociais como a educação e o Estado devem ser reestudados, a fim de suprir suas falhas. Sem dúvida o ensino público tem de melhorar, e medidas como escolas em tempo integral têm de ser estudadas, podendo resguardar os jovens do contato com a violência urbana e atribuindo-lhes uma carga de estudos mais reforçada. A péssima distribuição de renda é outro fator a ser suprido no país, medidas como o congelamento de aumentos salariais de funcionários públicos que ganham acima de 25 mil por mês podem amenizar os abismos salariais. Já dentro dos presídios, o Estado deve oferecer aos detentos aulas escolares e cursos profissionalizantes, no intuito de facilitar a inserção do ex-detento na sociedade e, consequentemente, diminuir os índices de reincidência. Assim, o funcionalismo orgânico da sociedade pode entrar novamente em harmonia.