Desde meados do século XX, com a publicação de "Laranja Mecânica", de Anthony Burgess, o Brasil já teve acesso a um retrato de sua realidade. De fato, a sociedade criada pelo britânico, na qual o terror já foi completamente instaurado por criminosos, difere-se muito pouco da nacional, marcada por violência e insegurança. Nesse contexto, pode-se atribuir ao impasse rastilho no determinismo, seja ele econômico, psicológico, histórico ou geográfico. Primordialmente, pode-se trazer à tona o conceito marxiano da luta de classes. Nesse âmbito, a parcela demográfica com baixa renda monetária é subjugada, sendo constante alvo de atitudes tirânicas e submetida a ambientes precários. Assim, de acordo com o Behaviorismo, vertente da psicologia que acredita que os comportamentos do indivíduo são moldados de acordo com os estímulos que ele recebeu do meio externo, a população menos favorecida é inclinada a cometer agressões. Outrossim, corrobora com a vigência da problemática um defectível sistema de segurança pública. Tal quadro advém de uma catastrófica combinação da colonização de exploração sofrida pelo Brasil com o seu extenso território. Uma vez que uma terra é imensa, logo, difícil de ser preservada, e seus primeiros governantes nunca tiveram a intenção de fazê-lo, a estrutura política dessa é falha, vide a pouca — e má distribuída — quantidade de policiais. Isso, por sua vez, ocasiona a impunidade dos infratores. Destarte, vê-se que o problema tem bases sólidas e, aparentemente, inexoráveis. Contudo, por meio de um olhar compatibilista, que acredita que o determinismo e o livre arbítrio não são opostos, elas são voláteis. Portanto, para combater a pobreza, é mister que o Ministério do Desenvolvimento Social aumente a porcentagem das cotas financeiras e a renda do Bolsa Família. Ademais, para reduzir atitudes transgressoras, o Ministério da Saúde deve criar um programa no qual psicólogos atendam moradores de favelas e ruas. Por fim, para erradicar a impunidade, urge que Ministério da Justiça aumente o número de policiais, com ênfase nas regiões carentes desses.