Título da redação:

Brasil em Guerra

Proposta: A violência urbana e a falência do sistema público de segurança no Brasil

Redação enviada em 16/07/2016

Diante de declarações de deserção de alguns competidores olímpicos, o atual governo federal decidiu assegurar, perante a imprensa, a total capacidade do poder público de garantir a segurança durante o evento esportivo. Porém, altos índices de violência e problemas como o atraso no pagamento de servidores do estado sede das Olimpíadas geram um clima de incertezas. Neste cenário, que parece nunca contar com ações satisfatórias do Estado, o brasileiro sofre vítima de duas frentes violentas distintas, apesar de intimamente relacionadas. A primeira, direta, coibidora, à espreita em cada semáforo vermelho no Leblon ou no Morumbi, bem como em cada morro ou favela da periferia, resulta de diversos e complexos fatores sociopolíticos e tem como maior empecilho à sua erradicação o crime organizado. Da mesma forma que recebe subvenção de poderosos ruralistas no campo, no meio urbano a violência esconde um jogo de interesses de figuras sempre a lucrar com o tráfico, os jogos de azar, o contrabando e outros ilícitos. É caricaturesco o caso de certo deputado do Amazonas que promovia assassinatos para depois noticiá-los em seu próprio programa televisivo. A segunda ameaça violenta que permeia o país, entretanto, é mais turva, diluída e, por isso mesmo, mais presente; representando o verdadeiro “inimigo invisível” do Brasil, consiste na precariedade da educação. A própria dificuldade do brasileiro em reconhecer que vive-se hoje em um estado análogo ao de uma guerra civil, com taxas de homicídios próximas àquelas de países com tradição de guerra, como a Colômbia (que, admitindo o conflito com as FARC como uma guerra interna, recentemente firmou tratado de paz com as forças guerrilheiras), reflete a ignorância da história e da realidade extremamente cruentas do país; este mito propagado de um Brasil pacífico, um “gigante gentil” que por mera fatalidade sofreria os castigos da violência, impede que se desenvolva a consciência de que tanto a violência urbana quanto a desigualdade social – sua força motriz – são responsabilidade do Estado e devem por ele ser combatidas. Depreende-se, portanto, que sem um ataque objetivo às causas da violência, com investimentos concretos em educação e programas de inclusão social, e sem uma expressão de vontade política que combata a corrupção e o crime organizado, que promovem a violência no Brasil, qualquer medida adotada será paliativa, e qualquer declaração pública no intuito de acalmar os temores do povo será pura demagogia. Somente através de verdadeira luta democrática, com organização popular e escolha direta de líderes comprometidos com o bem estar social, esta guerra será vencida.