Policarpo Quaresma, o ufanista personagem de Lima Barreto, amargaria mais uma decepção na sua vida, se pudesse testemunhar a profunda crise de violência que se alastra em seu país amado. Faz-se de extrema importância uma análise detalhada para encontrar as causas do problema. De certo, o sistema público de segurança falha, tanto pela heterogeneidade socioeconômica, quanto pela ineficácia no cumprimento de leis. Existe uma clara relação entre crime e desigualdade social. Para René Girard, filósofo francês, a violência não é instintiva, mas tende a ser estabelecida ao indivíduo pela sociedade. Deste modo, percebe-se países pobres, como Gana, com pequenas taxas de violência devido à sua pobreza homogênea. Enquanto isso, em nações desiguais economicamente, como o Brasil, os números de criminalidade não retrocedem. Desse modo, a sociedade não torna-se violenta pelo montante disponível no país, mas pela discrepância entre as classes sociais. Indubitavelmente, a questão júridica e sua aplicação estão intimamente ligadas ao problema. Percebe-se uma clara deficiência na manutenção dos direitos humanos na esfera prisional. Anomalias judiciais revelam-se em dados preocupantes: quase metade dos presos atuais são provisórios e esperam julgamento em reclusão indevida. Outrossim, relatos de torturas físicas e psicológicas são recorrentes. De certo, essas situações influem para a reincidência dos crimes e consequente aumento da violência urbana. Entende-se, portanto, que a violência na sociedade brasileira dá-se pela má distribuição de renda e pela incompetência em cumprir o código penal brasileiro. Visando atenuar os problemas supracitados, o Governo Federal deve promover auditorias, encabeçadas por órgãos neutros como a OAB, para garantir o pleno papel reabilitador das prisões. Além disso, programas sociais de distruibuição de renda, como o Bolsa Família, devem ser amplificados e regularizados afim de diminuir a disparidade entre as esferas sociais. Dessa forma, a sociedade brasileira caminhará para a semelhança com o estado natural dos indivíduos proposto por Girard: a paz entre os homens.