No século XIX, vários escritores da primeira geração romântica do Brasil buscaram construir uma identidade para a Pátria recém-emancipada de Portugal, pois era pertinente ao contexto a formação do caráter de brasilidade nos seus conterrâneos. Nesse cenário, a obra “Iracema” de José de Alencar retrata, por meio da alegoria pautada no nascimento de Moacir, o surgimento de uma nação fruto da miscigenação de várias raças e culturas. Contudo, com o passar do tempo, a busca pelo sentimento nacionalista vem se esmaecendo na sociedade, assim como a população se absteve da compreensão e do respeito à diversidade cultural presente na formação do povo brasileiro. Após a derrota para o Uruguai na Copa do Mundo de 1950, o dramaturgo Nelson Rodrigues cunhou a expressão “complexo de vira-lata”, a qual se refere à inferioridade e à falta de autoestima que o brasileiro incorporou na época. Nos dias atuais, essa mazela persiste e disseminou-se nos mais variados âmbitos de suas relações ao ponto de comprometer a formação identitária da Nação, visto que um povo sem alma não consegue obter a sensação de unidade nacional, apresentando pensamentos difusos quanto ao quê seria melhor para o futuro de seu país. Portanto, é necessário que o Estado atenue esse problema por meio de campanhas ideológicas que visem à valorização dos símbolos nacionais, resultando na formação de uma identidade comum a todos. Na música “O Brasil vai ensinar o mundo”, o cantor Cazuza coloca o País no ápice da escala de respeito às mais diversas raças, culturas e religiões que constituem seu substrato social. Entretanto, a realidade brasileira se mostra contrária a essa, visto que ainda há a estigmatização de culturas que diferem da europeia, colocando os costumes negros como essencialmente voluptuosos e lúdicos, além dos indígenas como pueris e simplórios. Dessa forma, é necessária uma metamorfose no pensamento da sociedade, a qual pode ser suscitadas por meio de programas estatais que de resgate dos valores culturais da Nação. Dessarte, como maneira de consolidar uma identidade cultural para o País, o Ministério da Cultura deve incentivar financeiramente a criação de produções artísticas que retratem o de significativo na história do Brasil, visando à consolidação de símbolos de unidade nacional. Além disso, o MEC e as Secretarias de Educação devem reforçar o ensino escolar, desde a educação infantil, com trabalhos que retratam a importância da miscigenação na formação do nosso povo. Logo, com a adoção dessas medidas, a sociedade poderá obter mais coesão em seus anseios e pensamentos, assim como terá condições de viver de forma mais harmoniosa se for cultivado o respeito à diversidade.