Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: A valorização da cultura nacional na formação da identidade contemporânea

Redação enviada em 19/05/2017

Criado na década de 20 pelo artista Oswald de Andrade, o movimento antropofágico consistiu na formulação de uma arte genuinamente brasileira, a qual, desde a chegada dos portugueses ao país, não se fez presente na realidade do Brasil. Essa construção tardia gerou, como reflexo, uma também atrasada criação do senso de pertencimento relacionado à inexistência, até então, de uma identidade nacional entre os brasileiros do período. Na contemporaneidade, no entanto, essa crise identitária ainda permeia a vida brasileira pela falta de valorização da cultura nacional, a qual se associa a paradigmas históricos e também atuais. O período colonial foi permeado ideologicamente pelo Darwinismo Social, que se caracteriza como uma doutrina de hierarquização étnica. Naquele contexto, o eurocentrismo preponderava por meio da imposição de novos costumes aos nativos e da persuasão de que os produtos importados eram mais valorosos simbólica e materialmente. A herança disso pode ser traduzida pela ideia atemporal do Complexo de Vira-lata, elaborada pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, que exprime a inferioridade sentida pelo brasileiro em relação a tudo que acontece internacionalmente, seja no campo cultural ou em qualquer outro. Dessa forma, há a desvalorização do que é produzido no Brasil e, por conseguinte, a sociedade tende a se afastar daquilo que ela não reconhece ou não se orgulha, o que se relaciona à dificuldade de formação identitária. Em uma outra perspectiva, a globalização, baseada no capitalismo informacional, fomenta a problemática em questão. A ocorrência disso está relacionada à geração de lucro na qual o sistema é baseado, uma vez que até a produção artística, por exemplo, é atribuída a percepção de mercadoria. Essa ideia é resumida pelo conceito sociológico de Indústria Cultural, o qual também engloba a concepção de padronização artística, que é responsável pela eliminação da visibilidade de uma cultura mais artesanal e típica em detrimento da supervalorização do que é lucrativo. Desse modo, a cultura massificada passa a ser mais difundida pela mídia e outras orientações culturais tornam-se ofuscadas e desconhecidas, o que leva a sociedade, em geral, a um estado de não identificação. É salutar, portanto, conceber a valorização da cultura nacional como um fator decisivo na consolidação da identidade contemporânea dos brasileiros. Para que haja um maior conhecimento das variedades culturais locais, é papel das prefeituras municipais, em parceria com ONGs, promoverem shows e feiras gratuitas em locais públicos todos os fins de semana a partir da divulgação dos eventos em suas páginas on-line. Cabe à escola, por sua vez, desmistificar dentre os jovens e as crianças a ideia de que a cultura nacional não tem o seu valor por meio de palestras ministradas por secretários da cultura, bem como por artistas que apresentem o seu trabalho, a fim de que haja uma aproximação de realidades e consequente conscientização acerca da identidade brasileira. No mais, também cabe à família estimular o contato dos filhos com as mais diversas formas de cultura por meio da tecnologia para promover uma educação que valorize o nacional tanto quanto aprecie o internacional.