Durante o século XlX, alicerçada por teorias pseudocientíficas, a teoria eugenista floresceu, e seus ideólogos afirmavam a superioridade racial dos europeus sobre as demais etnias. Essa teoria teve seus adeptos inclusive no Brasil, e estes explicavam o insucesso social e econômico do país como decorrência da miscigenação, a qual criava uma sub-raça inapta e inferior. Dessa forma, durante muito tempo, houve uma negação da cultura popular brasileira, o que criou e perpetuou inúmeros preconceitos, bem como justificou a marginalização de setores sociais. A princípio, é necessário ressaltar que a consciência nacional, assim como o nacionalismo, aparecem historicamente com o advento do Romantismo. O expoente da literatura nacionalista é José de Alencar, que tenta difundir a figura do índio como herói. No entanto, cabe a Getúlio Vargas o mérito por unir a nação em torno de um projeto nacional a despeito de ideologias, como exemplifica a campanha pelo petróleo, além disso, Getúlio não via o homem brasileiro como o grande problema, mas, sim, as elites europeizadas que mal utilizavam as riquezas nacionais. Dessa forma, através do nacionalismo varguista, bem como o projeto modernista de valorização nacional, uma consciência de identificação cultural foi criada. Entretanto, esse projeto não foi suficiente para difundir o respeito à diversidade cultural brasileira, marcada pela mistura de vários povos e culturas. Logo, a preponderância de valores europeus ainda é sentida. Como atestam os altos índices de intolerância religiosa e racismo contra negros e indígenas, parte numerosa da população; ademais, a mídia propaga por meio de seu elenco majoritariamente formado por brancos, uma estética incompatível com o fenótipo dos brasileiros, marcadamente mestiço. Em vista do exposto, fica evidente o abismo cultural ainda existente no país, com a negação da influência negra e indígena na nossa cultura e sociedade. Tal fato perpetua antigos preconceitos, bem como marginaliza setores amplos da população. Portanto, é necessária uma política de valorização nacional, que promova, através de palestras e festivais, o autoconhecimento dos brasileiros em relação às suas origens. Não obstante, é fundamental que seja implementado nas escolas aulas a respeito dos diversos povos que constituem, bem como influenciaram a cultura nacional, ou seja, faz-se imprescindível que a educação perca seu caráter eurocêntrico.