Esperava-se que com a retomada das eleições diretas no Brasil em 1989 - período conhecido como redemocratização – o país fosse adquirir uma postura que atendesse aos anseios da população. No entanto, o que se vê até hoje são os crescentes casos de corrupção, por meio dos quais muitos governantes enriquecem enquanto a massa de baixa renda permanece em estado de penúria. Além disso, mesmo com todas as normas e diretrizes presentes no artigo quinto da constituição Federal brasileira, persiste no brasil a cultura do “jeitinho brasileiro”, por meio da qual, muitas pessoas esquecem dos valores éticos, fundamentais à convivência em sociedade, e buscam levar vantagem nas mais diversas situações. Lamentavelmente, a crise política – oriunda da má administração da “máquina pública” representada sobretudo pelo poder executivo - e econômica – resultante da péssima distribuição de renda e das grandes evasões de divisas, algumas das quais reveladas pela “operação lava jato” - assim como grande parte das injustiças e descasos públicos existentes no Brasil têm um agente etiológico comum: declínio de posturas éticas. A ausência desses valores contribui para o surgimento de governantes lastimáveis como a ex-prefeita, Lidiane Leite, do município de Bom jardim (Maranhão), a qual “ostentava” nas redes sociais o dinheiro desviado das merendas da cidade, esquema revelado no ano de 2017. A pesar de existir uma repercussão maior, no tocante a essa “chaga” da crise ética, entre pessoas dotadas de poder público, trata-se de algo que fatalmente também atinge camadas menos favorecidas economicamente. A criminalidade que assola grande parte das periferias do Rio de Janeiro e Ceará, entre outras, atualmente, que tem como consequência a banalização da vida, seja motivada por um furto de um aparelho celular, seja por disputas entre grupos de narcotráficos, tem sua origem na decadência da conduta ética, a qual se constitui na “espinha dorsal” da sociedade e sem a qual as relações sociais não se sustentam. Sendo assim, fica evidente que o Brasil necessita urgentemente de um renascimento dos valores éticos. Para isso, portanto, considerando que a ética não pode ser concebida desvinculada à educação, o Ministério da Educação deve incluir na Base Nacional Comum Curricular, por meio de uma disciplina chamada “ética e cidadania", a obrigatoriedade de se discutir, em todos os anos dos ensinos fundamental e médio, o assunto da ética sempre relacionando com um fato hodierno dos alunos. E no que tange às medidas de curo prazo, o Governo Federal deve promover campanhas educativas, difundidas nos principais meios de comunicação, e em todas as empresas públicas e privadas, com cartazes explicativos, enfatizando a necessidade de atitudes éticas para a manutenção da harmonia social.