O filósofo Émile Durkheim, em um dos seus estudos, relatou a respeito do conceito de corpo biológico. De modo que, é relevante a existência de uma consciência coletiva, que se preocupa com o impacto das ações individuais no corpo social. Na sociedade, essa consciência é vista nos valores éticos, já que esses visam à boa convivência pela conduta coerente. Em contrapartida, o que vê-se no Brasil é a fragilização dos valores éticos, confrontando assim o pensamento elucidado por Durkheim. Pois, a conjuntura instaurada é de situações que denigrem a boa convivência. Em meio à expansão tecnológica, vê-se no Brasil, o compartilhamento em massa de informações. Não obstante, o que deveria ser benéfico para o enriquecimento intelectual dos cidadãos, se torna prejudicial com a existência das “fake news”. De modo que, informações falsas são criadas e compartilhadas nas redes sociais, podendo até provocar o pânico generalizado. Assim, há a divulgação de falsos alertas de sequestros, ou até mesmo de mudanças abruptas no clima. Desse modo, a satisfação pessoal do impacto causado é colocada em detrimento do todo. Por outro viés, têm-se a polarização presente nos mais diversos âmbitos sociais, que ao ser levada ao meio dos eleitores revela-se desastrosa. De fato, como foi visto nas manifestações pró e contra “impeachment” em 2016, o método vigente é o de denegrir o diferente em busca da promoção do próprio ponto de vista. Assim, viu-se a criação de estereótipos, como “coxinhas” e “mortadelas” para grupos apoiadores da direita e da esquerda respectivamente. Desse modo, valores que compõem a ética como o respeito e a discussão pacífica são relegados, em um meio que em tese deveria ser de unidade e visar o bem comum. Em suma, a situação presente no Brasil é de distanciamento dos valores éticos,o que se exemplifica nas informações que as pessoas têm contato, bem como na política. Diante disso, é preciso que a consciência ética seja despertada, por meio de fóruns comunitários, visando o entendimento da conduta coerente ao que viver em sociedade requer. Havendo também, a presença de psicólogos, professores, filósofos e sociólogos, respaldados pelo financiamento público-privado, com intuito de embasar a reflexão geral e individual. Ademais, é necessário que as instituições de ensino sejam engajadas, pelo aumento da carga horária de disciplinas como sociologia e filosofia. Só assim, uma sociedade autocrítica será formada, com a capacidade de refletir sobre as informações e seu posicionamento e então caminho para o ideal de Durkheim será traçado.