Desde a época da colonização, no século XVI, o dito "jeitinho brasileiro" foi sendo consolidado no Brasil. Esse conceito expõe a ideia de que muitas pessoas no país alcançam seus objetivos a qualquer custo - o que representa uma concepção maléfica sobre a personalidade dos brasileiros. Infelizmente, tal forma de agir ainda vigora na sociedade, uma vez que denúncias de corrupção em esferas públicas e sociais tornaram-se comuns ao longo do tempo. Por isso, é de suma importância que esse fato seja revertido, a partir da valorização de atitudes éticas, tanto por parte da população, quanto por parte do Governo. Segundo o filósofo Platão, o caráter de um governo expressa o caráter de seus cidadãos. Visto isso, percebe-se que ingerências do Estado ocorrem somente porque existe a naturalização de atos semelhantes na vida diária das pessoas. Isso pode ser constatado não só na vida legal, mas também na pessoal de boa parte da sociedade, a qual considera normal receber benefícios sociais sem ter necessidade, ou fraudar declarações de renda, por exemplo. Essas ações afetam toda a nação, uma vez que a classe política acaba cometendo tais desvios também, por eles já serem naturalizados. Nesse contexto, fica claro que a irresponsabilidade governamental é apenas um reflexo de ações enraizadas na sociedade. Assim, fica clara a importância da busca de atitudes corretas para o bem geral. Além disso, sabe-se que o país ainda possui heranças coloniais no que tange à administração dos bens públicos, ou seja, ainda existe a supervalorização de funcionários estatais, em detrimento dos cidadãos comuns. Isso acarreta, muitas vezes, em abusos de autoridade, como expõe o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda - o qual defende que a ausência de delimitação das esferas pública e privada leva à corrupção. Desse modo, fica clara a persistência de práticas ultrapassadas, sendo necessária a intervenção governamental para barrar as irregularidades desse setor. Portanto, é de suma importância que a consciência ética seja estimulada, a fim de mudar o atual cenário de crise. Para isso, o Ministério da Educação deve promover a conscientização dos jovens, a partir de aulas de História, Sociologia e Filosofia que abordem o assunto sob um viés histórico de conquistas, apresentando personalidades que, agindo eticamente, mudaram o meio em que vivem, fazendo um contraponto com outras que não adotaram as mesmas atitudes. Ao Ministério Público, cabe a função de investigar e punir desvios de conduta de funcionários, delegando, para isso, comissões especiais de caráter permanente, com o fito de aumentar a responsabilidade nesse meio. Com essas medidas, haverá uma maior difusão do ideário de que valores corretos conduzem mais ao desenvolvimento moral na nação.