A ética, enquanto valor máximo do ser humano, deve ser incutida de valores coletivos e altruístas. Já dizia Kant, em sua análise da ética, que o homem só poderia agir se sua própria lei valesse para todos os outros seres humanos, de forma a revelar o caráter construtivo nesse conceito. Os valores éticos no Brasil, todavia, não detém valores de coletividade- e, aparentemente, valor nenhum. O individualismo e o descrédito ás instituições de socialização por parte dos brasileiros ratificam essa visão, situação que infere a imagem do povo brasileiro como sujo e imoral. A princípio, é importante destacar a falha das instituições brasileiras, como a família e a escola, na construção de um projeto ético consolidado. Esses espaços, que constituem a primeira socialização do ser humano, terceirizam o ensino dos valores éticos uns aos outros, de modo a impedir a difusão plena desses valores na sociedade. Surge, nesse contexto, um rombo na formação pessoal do cidadão brasileiro, fator que legitima, por exemplo, atos de imorais, já que essas pessoas não conseguem discernir a imoralidade em certas ações, justamente por consequência da falta dos valores éticos em sua vida. Paralelamente a isso, convém salientar a barreira imposta pelo individualismo à formação de uma consciência ética no Brasil. Os cidadãos brasileiros, submetidos à lógística do lucro como fim primeiro, não se veem como partes de uma sociedade integrada, e sim como um fragmento social, desvinculado de seu tempo. Essa ideologia induz o cidadão a buscar a garantia de seu sustento material sem, contudo, se preocupar com os meios para atingi-lo, constituindo o famigerado " jeitinho brasileiro ", conceito que torna a ideia de levar vantagem em tudo como aceitável. É nítida, nesse cenário, a urgência nos valores éticos na sociedade brasileira, tornando o semblante da nação sujo e manchado pelo culto de valores moralmente incorretos. Destarte, ressalta-se a necessidade de mobilização frente aos problemas deflagrados pela falta de ética na sociedade brasileira. Família e escola devem, conjuntamente, transmitir valores de solidariedade e coletividade, de maneira a tornar o cidadão, desde criança, apto a receber esses valores. Além disso, a lógica do lucro a todo custo pode ser superada pela melhoria nas instituições públicas, com mais infraestrutura e re-pensamento dos salários, a fim de que a sociedade sinta-se como um todo integrado. Assim sendo, poder-se-á fazer jus a ética kantiana, tornando a máxima dos valores como uma lei a ser apreciada por todos os brasileiros.