Aldous Huxley em “A Democracia e Outros Estudos” discute que em toda sociedade há um impulso para a conformidade com algumas ações - mesmo as ruins - devido aos costumes ou tradições. Ou seja, permanecem inercialmente. A urgência de valores éticos na contemporaneidade brasileira é um triste paralelo a tal inércia diante de comportamentos antiéticos. Logo, a crise política brasileira fomenta a necessidade de cessar tais condutas que se perpetuaram por séculos e atingem brutalmente a possibilidade de melhora do país. Para Jacques Le Goff, países que sofreram com a colonização feroz – caso do Brasil – vivenciaram períodos em que colonizados precisavam trapacear para não sofrer as severas punições da metrópole. Porém, infelizmente, essa idiossincrasia ilustrada pelo historiador francês permaneceu no país após o período colonial e um dos fatores impulsionadores foi a inexistência de alguma ação que, efetivamente, ensinasse o dano que a ausência de ética causa. Destarte, o que é antiético torna-se, não raro, comum no inconsciente coletivo. Tal sofrimento evidencia-se diante da lamentável crise política no país. Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil é o quarto país no ranking da corrupção. Algumas pessoas em posições privilegiadas desviam milhões de reais da saúde e educação, enquanto outras padecem. Por conseguinte, a sociedade sofre intermitentemente, uma vez que, não é desmotivada, de fato, a parar com essa conduta. Corrobora-se, pois, a urgência por mudanças. Em suma, cabe ao Governo do Estado, por meio de uma emenda constitucional, colocar aula de Ética na grade de ensino – desde o Ensino Fundamental II até o Colegial – não apenas dentro da grade regular de Filosofia, mas separadamente com aulas semanais e com uma avaliação bimestral para verificar se o ensino foi efetivo. Portanto, espera-se a formação de cidadãos, pais, trabalhadores e futuros governantes que saibam a importância da ética para a construção e evolução de um país. Por consequência, tal ensino desmotivará os hábitos antiéticos e colocará fim à conformidade tão criticada pelo britânico Aldous Huxley.