O economista Thomas Malthus temia uma crise de alimentos, pois acreditava que a população crescia em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos crescia aritmeticamente. Todavia, sabe-se que Malthus não considerou o uso da tecnologia no setor agrário, o qual, por sua vez, foi impulsionado pela Revolução Verde, na década de 1970, com o aumento da tecnologia empregada. Nesse sentido, a utilização de novas técnicas que objetivam uma maior produção denota não só vantagens, mas, também, consequências à saúde humana. Destarte, convém analisar os aspectos que motivam o uso de agrotóxicos no Brasil, bem como seus efeitos. Cabe pontuar, em um primeiro plano, provectos fatores históricos do caráter agroexportador da economia nacional. Desde o início da colonização do país, no século XVI, inicialmente, com a prática do escambo, tem-se a exportação de produtos agrícolas como motor da organização econômica. Nesse viés, conforme o site “Notícias R7”, cerca de 70% dos produtos exportados pelo Brasil são de origem agropecuária. Diante disso, o uso de pesticidas nas lavouras atua como contribuinte para o aumento da qualidade dos produtos, uma vez que esses sofrem com pragas priorizadas pelo clima tropical, predominante no país. Vale ressaltar, ainda, as implicações que o uso de agrotóxicos pode ocasionar na saúde humana. A Biologia ensina que as substâncias tóxicas, por não serem metabolizadas pelo organismo, acabam sofrendo um processo de magnificação trófica, ou seja, acumulam-se no interior de cada indivíduo. Nesse sentido, a grande permissividade ao uso de pesticidas nas lavouras revela a negligência estatal na promoção da qualidade de vida à população, haja vista que o uso excessivo de produtos químicos traz prejuízos à saúde do tecido social. Infere-se, portanto, que o uso de agrotóxicos no setor agrário é necessário, mas que precisa ser controlado. Nessa perspectiva, é essencial que o Poder Legislativo, na figura da bancada ruralista, crie um projeto de lei que permita apenas o uso de biopesticidas nas lavouras, com aplicação de multas àqueles que não cumprirem a legislação. Isso pode ser feito em parceria com o Ministério do Trabalho, o qual atuará na fiscalização dos trabalhos nas lavouras, com o fito de garantir o uso de produtos químicos com menor toxicidade. Outrossim, é mister a atuação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária em informar aos consumidores o nível de toxicidade a que estão sendo submetidos, por meio do uso de selos com percentual tóxico em cada produto. Só assim, com a aplicação de mecanismos, a economia e, principalmente, a integridade da saúde da população, não serão afetadas.