Título da redação:

A sociedade molda o futuro

Tema de redação: A tolerância aos agrotóxicos e seus efeitos no Brasil

Redação enviada em 29/05/2018

O sofista Protágoras de Abdera afirma que, “o homem é a medida de todas as coisas”, evidenciando que a realidade é moldada a partir dos interesses sociais que, comumente, ficam sob a hegemonia de uma minoria dominante. Nesse contexto, o agronegócio é um setor econômico brasileiro que influi diretamente sobre o PIB do país e, por conseguinte, é capaz de moldar as política legais para que favoreçam o seu desenvolvimento. Conquanto, à medida que a conveniência do uso dos agrotóxicos por esse setor prevalece sobre a saúde e o bem-estar da sociedade, cria-se um paradoxo entre avançar em projetos que acelerem a regulação do uso desses pesticidas ou recuar em prol da cidadania. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o brasileiro consome cerca de sete litros de agrotóxicos por ano, sendo que o organismo não é capaz de eliminar muitos deles, que acabam se acumulando no corpo e trazendo graves riscos à saúde. Consoante o Ministério da Saúde aponta que os pesticidas podem causar diversas doenças neurológicas, distúrbios comportamentais e uma variedade de cânceres. Nesse sentido, há um cenário significativo a ser relevado perante a nova proposta de lei que visa limitar a atuação de órgãos de controle na autorização desses produtos para acelerar o processo de regulamentação, visto que os riscos à população brasileira são eminentes. Outrossim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para a disseminação dos agrotóxicos para além das plantações, as indústrias alimentícias que usam em seus produtos ingredientes como o milho, o trigo e a soja são contaminados pelos resíduos agroquímicos. Além disso, os alimentos como o leite e a carne, devido a bioacumulação, chegam às mesas das famílias brasileiras totalmente infectados. Essa crescente intoxicação da população é refletida em dados da própria OMS que ressaltam um número superior a setenta mil casos anuais de envenenamento agudo e crônico por esses produtos. A Constituição cidadã de 1988 assegura a todos os brasileiros o direito à saúde, entretanto o Poder Executivo falha na efetivação desse direito quando expõe os seus cidadãos aos riscos oriundos dos pesticidas. Ademais, a permissividade da lei brasileira em relação ao uso dos agrotóxicos é alarmante quando comparada a outros países, como os da União Europeia e os Estados Unidos que proíbem mais da metade dos agrotóxicos que hodiernamente são utilizados no Brasil. Dessarte, indubitavelmente, medidas são necessárias para resolver esse problema. O Estado deve utilizar parte da verba arrecadada pelo mercado agroexportador para investir em pesquisas relacionadas ao uso dos biopesticidas e como esses podem, futuramente, substituir o uso dos agrotóxicos, já que são de decomposição rápida e não são danosos aos solos e ao meio ambiente. Além disso, a utilização dos produtos orgânicos deve ser incentivada pelo Ministério da Saúde por meio de campanhas que informem os benefícios trazidos por esses produtos livres de pesticidas e que, consequentemente, não apresentam riscos à saúde da população. Desse modo, a realidade passará a ser moldada pelos interesses de uma maioria, a nação brasileira, e não pela opressão de uma minoria individualista e desinteressada em construir um futuro digno e saudável para o país.