Título da redação:

Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago.

Tema de redação: A saga dos refugiados: o caminho entre a fuga e a xenofobia.

Redação enviada em 21/09/2015

Toda ação gera uma reação, esta paráfrase de Newton parece não influenciar os governos atuais, de forma que o mundo que, inerte, permite a perpetuação da miséria, dos conflitos e dos abusos dos direitos humanos na África e no Oriente Médio, é o mesmo mundo que observa, em perplexa surpresa, o influxo colossal de refugiados cortar a Europa. Mas esta nova "diáspora" poderia ter sido evitada. Muito embora o intervencionismo mundial tenha se retraído após o fiasco da guerra no Iraque, devemos nos atentar aos conflitos atuais, uma vez que seu reflexos já extrapolam os limites locais. A teoria do caos há tempos já defende que tudo, mesmo que de forma não linear, está conectado, portanto, erramos ao permitir a guerra civil síria, mesmo após as denúncias de abusos pela mídia, bem como a criação do EI e do Boko Haram, que somados à habitual miséria local, geraram o atual fluxo de migrantes, que cruzam desesperadamente o Mediterrâneo. Não obstante, no mundo globalizado já não somos meros expectadores. Assim, a opinião pública internacional tem feito seu papel, pressionando os governos europeus a abrigar os refugiados. Todavia, tal postura não é unânime, haja vista a UE ter rejeitado a política de cotas; a Hungria ter fechado suas fronteiras e um crescente movimento de direita que se contrapõe ao clamor público. Fica claro, portanto, que se não quisermos ver muitos morrerem na "contramão", atrapalhando o "trafego" dos interesses econômicos de uma minoria, em analogia à Construção de Chico Buarque, devemos agir de forma contundente e planejada. Assim, num primeiro momento, se a Europa titubeia, a ONU deve assumir seu papel e abrir um cadastro internacional para que países ofereçam abrigo e, porque voluntariamente acolhidos, garanta-se uma maior integração sociocultural, diluindo o problema e os seus impactos. Concomitantemente, deve intensificar sua interferência, não apenas com ajuda humanitária, mas também militarmente, garantindo efetiva e definitivamente os direitos humanos nas zonas de conflito.