Considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como a maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial, a atual saga dos refugiados comove o mundo pelo tamanho da multidão que tenta refúgio nos países da União Europeia, seja por via marítima ou via terrestre. Tal qual um "iceberg", os movimentos dos refugiados que assistimos são apenas a ponta do problema. Submersos estão séculos de dominação, intervenção e imperialismo europeu e norte-americano no Oriente Médio e no continente africano. Assim sendo, os países desenvolvidos, que hoje recebem milhares de pedidos de entrada pelos refugiados, podem ser considerados responsáveis históricos pelas crises econômicas, ditaduras, perseguições político-religiosas e guerras civis das quais essas pessoas fogem. Não obstante toda a penúria à qual estão submetidos os que fogem de suas terras-natais buscando por liberdade e por segurança, quando conseguem chegar vivos à Europa ainda estão suscetíveis a enfrentar xenofobia, a temida aversão aos estrangeiros, pois, para uma parcela da população local, os imigrantes representam um risco por inflarem um mercado de trabalho já saturado. Na tentativa de solucionar o problema humanitário que os refugiados representam, na Europa, os países poderiam alocar os refugiados em locais com baixa densidade demográfica ou baixa natalidade, dando-lhes condições humanas de subsistência e de educação para que conquistem paulatinamente autonomia. Concomitantemente, poderiam atuar junto aos cidadãos com palestras e incentivos educacionais e culturais para uma maior compreensão do fenômeno e, consequentemente, maior empatia. Países ricos do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, poderiam abrir seus territórios para os refugiados, pois a proximidade local e cultural são positivas dentro do contexto negativo que é o impacto da saga dos refugiados, tanto para os que procuram abrigo quanto para as populações locais. Por fim, países como a Rússia e os Estados Unidos deveriam ser cobrados politicamente pela ONU por conta das intervenções militares que fizeram em países como Afeganistão, Iraque, Nigéria e Síria, pois são responsáveis diretamente pela crise que as populações destes países enfrentam.