Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: A relevância do debate acerca do assédio sexual no Brasil

Redação enviada em 24/10/2017

No ano de 2017, um famoso ator da Rede Globo foi acusado de cometer assédio sexual contra uma das figurinistas da emissora. O caso, evidentemente, tomou proporções gigantescas e repercutiu também em outros canais da televisão aberta. Esse cenário, no qual pessoas, principalmente mulheres, sofrem constrangimentos de cunho sexual é muito comum na realidade brasileira e cria um quadro de desrespeito que fragiliza a dignidade humana, sendo imprescindível compreender as raízes históricas e a relevância da mídia para essa questão. Em primeiro lugar, deve-se ressaltar que a história brasileira contribuiu para a construção dessa realidade. Durante a escravidão, as escravas eram tomadas como posse e utilizadas pelos senhores feudais como objetos para satisfazerem seus desejos sexuais. Além disso, devido à construção de uma mentalidade patriarcal no Brasil, a mulher viveu e ainda vive o julgo de construções ideológicas de gênero, em que suas condutas deveriam seguir o padrão de “mãe” e “esposa submissa”, o que, por sua vez, repercute até os dias atuais. Nesse viés, os casos de assédio sexual refletem essa construção da mentalidade machista na sociedade, e os transportes públicos – local onde há maior índice desses casos, segundo a Folha- só corroboram a visão do sexo feminino como um “pedaço de carne” a ser desejado e possuído. Em segundo plano, a mídia possui sua parcela de culpa nessa construção social. Enquanto formadora de opinião, conforme o olhar sociológico de Adorno e Horkheimer, construiu uma base sexista em sua forma de utilizar a publicidade para visar o lucro. Prova disso são os muitos comerciais de cerveja e carros que utilizam mulheres seminuas para estimularem o imaginário masculino e, por conseguinte, a aquisição do produto. Dessa forma, as mulheres são vistas como símbolos sexuais por muitos e, em um país mundialmente conhecido pelo carnaval e pelas “bundas” das brasileiras, atitudes desrespeitosas são fomentadas e propagadas de geração em geração, caso nenhuma atitude eficaz seja tomada. À luz do supracitado, infere-se, portanto, que o assédio sexual deve ser combatido em seu viés ideológico e social por meio de atitudes enérgicas e imediatas. Dessa maneira, cabe ao Legislativo criar uma emenda constitucional que torne a punição dessas atitudes mais severas, com aumento das penas, além de tornar o crime inafiançável para os casos de reincidência. Ademais, torna-se essencial que os canais televisivos parem de utilizar propagandas nas quais as mulheres sejam tidas como símbolo sexual, podendo, também, desenvolver uma campanha nacional, juntamente com as redes sociais, com o slogan “não olha, nem meche” para promover noções de respeito às mulheres e informar as formas de denúncias para as brasileiras.