A notícia que um homem havia ejaculado em uma mulher no transporte público chocou a nação no segundo semestre de 2017. Contudo, situações de assédio são comuns e decorrem, principalmente, de dois fatores: um de cunho social e outro de caráter informativo. Em primeiro lugar, destaca-se a sociedade brasileira como patriarcal. Segundo o filósofo Michel Foucault, há relações de hierarquia em todos os âmbitos sociais e, no Brasil, o sexo masculino prevalece sobre o feminino. Nesse contexto, homens sentem-se tendo controle perante mulheres, inclusive de seus corpos. Logo, os casos de violação refletem um sentimento de posse, como se esses indivíduos, ao cometerem atos assim, estivessem legitimando seu domínio. Outrossim, é importante ressaltar a pouca informação acerca desse tipo de abuso enquanto crime. Apesar da lei aprovada em setembro de 2017, uma baixa quantidade de pessoas é ciente que essas situações podem podem ser denunciadas e condenadas judicialmente. Isso impede que aqueles que as praticam sejam penalizados. Assim, aumenta-se a impunidade e a sensação de que a importunação ofensiva é natural, dificultando o combate a ela. Compreende-se, portanto, que a cultura machista do país, associada à desinformação, fomenta a ocorrência de constrangimentos ao pudor. Por isso, é fundamental que haja uma mudança na educação dos meninos, cabendo à família conscientizá-los quanto a necessidade do respeito ao outro sexo, priorizando a noção de igualdade de gênero. Ademais, é dever do Ministério da Justiça, com apoio da mídia, fazer campanhas nacionais de incentivo à denúncia do assédio, procurando deixar cartazes em pontos estratégicos nas cidades e veicular, no rádio e na televisão, propagandas em horários nobres. Dessa forma, poder-se-á criar no Brasil uma nação menos hierárquica.