O assédio sexual no Brasil é uma triste realidade. Nesse cenário, os abusos ocorridos em transporte público trouxeram à tona o debate sobre o enquadramento penal desse crime. Por outro lado, sabe-se que esse problema não ocorre só no meio público. Recentemente, foi destaque na mídia o caso da mulher que teve seu pescoço ejaculado dentro de um ônibus. O assediador foi preso, mas liberado em seguida, tendo em vista que não houve contato físico e, portanto, o delegado não considerou o ato como estupro. Uma semana depois, o criminoso foi flagrado cometendo o mesmo delito. Logo, percebe-se que os abusos sexuais no país são recorrentes. Por isso, o senado criou um projeto de lei que tipifica, de forma clara, o constrangimento ofensivo ao pudor em transporte público, evitando dúvidas na aplicação da lei. Contudo, será a medida suficiente para acabar com o assédio? Em que pese a preocupação com as mulheres no transporte público, uma pesquisa realizada pelo jornal Folha de São Paulo concluiu que elas também são vítimas de abusos no trabalho, na faculdade e em sua própria casa. Isso ocorre porque o país está impregnado com a cultura do patriarcado, na qual a figura feminina é vista como submissa e inferior. Verifica-se esse pensamento distorcido na média de valor dos salários das mulheres, que é inferior ao dos homens, bem como a menor representatividade delas nos poderes do Estado. Enquanto essa mentalidade equivocada vigorar, o machismo e suas implicações, como o assédio sexual, não serão obliterados. Desse modo, é necessário efetivar uma mudança de pensamento cultural sobre o papel social feminino. Para isso, o Ministério das Comunicações, com o auxílio das redes de rádio e televisão do país, deve organizar campanhas, voltadas a toda população, por meio de programas e propagandas que incentivem o respeito à mulher e mostrem sua importância e imprescindibilidade para a evolução da sociedade, ao mesmo tempo que desestimula a concepção machista. Assim, havendo maior conscientização, o Brasil começará a caminhar em direção de uma sociedade livre dos assédios sexuais.