Em “Dom Casmurro” de Machado de Assis, Capitu é exilada por Bentinho. Essa era uma forma de constrangê-la socialmente e puni-la por, supostamente, ter traído o protagonista com seu amigo Escobar. Um típico comportamento machista, que, durante os anos, tornou a repressão contra mulher algo natural. Além disso, esse comportamento é um dos pilares para os casos de assédio sexual, que têm aumentado assustadoramente no Brasil, visto que está sendo feito quase nada a respeito. De acordo com uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Instituto Datafolha, existe uma alta incidência de assédio contra mulheres em ambientes públicos, principalmente, nas ruas (39%). Um reflexo da “cultura do estupro”, que naturaliza o comportamento violento do homem e culpa a vítima. Isso porque, para essa cultura a mulher que deveria se “dar ao respeito”, já que o homem só está sendo um homem. Além do mais, o silêncio das vítimas também contribui para o aumento dos casos de assédio, visto que, segundo a pesquisa, mais da metade das mulheres entrevistadas não tomaram nenhuma atitude. Sendo que, parte delas não denunciou, pois não tinha consciência de que estava vivenciando uma agressão. Outra, porque acreditava que não tinha solução. E uma última, que temia pela sua segurança, haja vista o caso da jovem agredida em Paris, após ter reagido a um assédio. Depreende-se, portanto, que o assédio sexual é uma violência muito grave que se mantém graças à falta de debates e conhecimento acerca disso. Sendo necessário que, os grupos feministas criem campanhas de conscientização, principalmente, em escolas e grandes empresas. Para que tanto as mulheres, quanto os homens, tomem consciência a respeito do que é o assédio e como ele acontece e para desconstruir a ideia de que ele é natural. Ademais, o legislativo, assim como na França, precisa criar multas para o assediadores, com um aumento gradual, caso haja recorrência, pois, geralmente, punições financeiras surtem mais efeitos, como no caso da Lei Seca.