O assédio sexual consiste em uma manifestação de cunho sexual que independe, ou seja, não é permitido pela vítima, a constragendo ou a humilhando. Legalmente, essa prática pode se enquandrar como crime, porém, a falta de leis específicas para o combate desse ato e a falta de conhecimento acompanhado a uma visão machista da população acabam tornando esse tema muito complicado de se solucionar. De acordo com a escritora Simone de Beauvoir, uma mulher não nasce mulher, ela torna-se. Isso é facilmente compreensível quando olha-se para a sociedade imersa em uma visão que normaliza práticas machistas, sexistas, que são humilhatórias e intimidadoras, como o assédio. Dessa forma, a sociedade faz com que as vítimas se interpelem se estão erradas e se culpabilizem por terem sido assediadas. Assim, o “tornar-se mulher” não é nada mais do que o que a sociedade impõe ao sexo feminino e como deve ser aceitável por elas. Além da grave naturalização dessa prática contra a mulher, a sociedade propicia um terreno favorável ao não entendimento de que o assédio é uma violência e de que apesar de acontecer mais com mulheres, também pode acontecer com crianças, tornando-se ainda mais grave. Segundo a recente pesquisa do Datafolha, 42% das mulheres brasileiras já relataram ter sofrido assédio em diferentes áreas da sociedade, como transporte público, trabalho, escola e rua. Esse número certamente seria maior se as vítimas compreendessem que o assédio também está camuflado em muitas outras coisas que acabaram sendo normatizadas pela sociedade. Embora o assédio possa ser enquadrado como crime, ainda não existe uma lei específica que combata e que assegure os indivíduos, principalmente as mulheres, desse horrendo ato. Ademais, a falta de compreensão da gravidade do assédio corrobora com a perputação disso. Portanto, evidencia-se a necessidade do Poder Legislativo de criar leis eficientes que criminalizem a prática, além da necessária ajuda do Ministério da Cultura em parceria com a mídia para promover campanhas educativas em escolas, faculdades, transportes e na sociedade civil em geral, incentivando as denúncias, explicando o que é assédio e pondo-se contrária a tal prática. Somente assim, o combate não será mais tão complicado de ser solucionado e a cultura do assédio trilhará para um fim.