A infância de muitos brasileiros não pode ser descrita como um conto de fadas; dificuldades socioeconômicas, despreparo ou ausência dos pais e violência são uma realidade na vida de diversas crianças, o que gera, entre outros problemas, o comprometimento de suas formações cidadãs. Nesse sentido, têm-se os estímulos familiares/ ambientais e a ameaça à Constituição como, respectivamente, causa e consequência dessa problemática. A primeira infância, fase que compreende do nascimento aos seis anos, é essencial no desenvolvimento de qualquer criança, já que é nesse período que há a construção das habilidades cognitivas, motoras e de sociabilidade de um indivíduo, além do desenvolvimento dos primeiros traços de personalidade e moral. Por conseguinte, um convívio saudável e harmonioso, com acesso a mecanismos estimulantes e uma relação familiar pacífica e amigável, com a presença de atitudes éticas e responsáveis, é crucial na formação de um cidadão consciente. Outrossim, é necessário ressaltar que a Constituição Brasileira garante às crianças a proteção e as oportunidades para viver sem violência e com auxílios ao desenvolver. A dignidade e os direitos dos brasileiros são comprometidos pela ameaça à infância, gerando um cenário de reiteradas agressões físicas e psicológicas que, ferindo não apenas às crianças, mas à Lei, deve ser enfrentado. Destarte, cabe às famílias e, se for o caso, ao Conselho Tutelar, definir medidas que tornem o convívio das crianças mais seguro, tranquilo e feliz, oferecendo bons exemplos no que tange à caráter e atitudes éticas e estabelecendo relações menos tensas e agressivas, o que proporcionará uma mais saudável infância. Ademais, o Executivo deve investir com maior afinco em assistência social, oferendo embasamento e apoio aos núcleos familiares, bem como intervindo de forma mais presente nas condições de vida dos futuros cidadãos. Poder-se-á, então, diminuir as distâncias entre realidade e contos de fadas.