O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece direitos, como à saúde, à alimentação saudável e ao esporte, fundamentais ao desenvolvimento saudável desses indivíduos. Contudo, quando se analisa a situação desfavorável pela qual crianças do país têm sido submetidas, percebe-se que tais direitos manifestam-se na teoria e não, necessariamente, na prática. Nesse sentido, no que diz respeito à negligência com a infância saudável, faz-se relevante tanto o comprometimento do desenvolvimento particular da criança quanto danos ao desenvolvimento da nação. Em primeira análise, cabe pontuar que a não efetivação da puerícia sadia pode afetar todo o desenvolvimento pessoal do indivíduo. Conforme Peter Berger, sociólogo austríaco, a socialização constitui a interiorização da realidade vivida. Sob esse viés, pessoas que tiveram, em sua juventude, privação de direitos previstos no ECA e convívio em um ambiente familiar deturbado, tendem a ser afetadas negativamente por tal configuração, carregando marcas dela por toda a vida. Com isso em mente, o papel deles enquanto cidadãos fica comprometido, tendo em vista que para exercer tal função, de maneira efetiva, é necessário um desenvolvimento integral, o qual permita a tomada de decisões certas e capacidade deliberativa. Somado a isso, há, ainda, prejuízos ao desenvolvimento nacional. Segundo James Heckman, economista estadunidense, a não consolidação da primeira infância saudável traz prejuízos sociais ao país, uma vez que compromete o desenvolvimento cognitivo e social do infante. Sob tal ótica, o descaso governamental com a fase supracitada reflete-se em problemas, como gravidez precoce e violência, que afetam socialmente e economicamente o desenvolvimento do país. Prova disso é a fragilizada presença de políticas públicas voltadas para os primeiros anos das crianças em consonância a presença intrínseca no tecido social dos problemas supracitados. Nesse sentido, o descaso daqueles que deveriam, justamente, efetivar a infância saudável reflete-se em danos na escala nacional. Em suma, tal conjuntura necessita ser revertida. Para isso, é mister que escolas, de nível médio e fundamental, criem uma horta comunitária, por intermédio do envolvimento da comunidade, a qual promova, além do cultivo de alimentos, a socialização entre os indivíduos, visando melhorar a alimentação escolar dos alunos, além de promover a interação entre escola e família no desenvolvimento da criança. O projeto poderá ser feito pelo uso do espaço público da escola e captação de doações para a compra de insumos, os quais devem ser orgânicos.