Consoante a Lei n° 13.431, de 2017, configura-se dever do Estado resguardar os direitos de proteção social às crianças, como a não exploração e a não opressão. No entanto, tendo em vista que o cenário de desigualdade assola a comunidade brasileira, percebe-se que tal garantia legal tem sido descaracterizada e desencadeado realidades que impedem o progresso da cidadania dos infantes. Assim, cabe discutir a importância do crescimento infantil saudável para a sociedade e como amenizar tal problemática. Em primeiro plano, é imprescindível destacar o papel do contexto social em que a criança está inserida e seu desenvolvimento pessoal. De acordo com o filósofo Vygotsky, a formação educacional do ser humano dá-se a partir da dialética entre o sujeito e a realidade ao seu redor. Isso significa que o ambiente preenchido de agressões, sejam essas verbais ou de comportamentos, interfere diretamente na construção dos conceitos do infante, fato que contribui para sua assimilação na vida adulta. Dessa forma, evidencia-se a primordialidade da conscientização das gerações para a solidificação da cidadania futura. Ademais, vale pontuar que, no país, o desbalanço econômico é peça de atenuação da formação cidadã. Para justificar, pode-se mencionar a Teoria do Materialismo Histórico de Marx, que revela a ligação entre a desigualdade econômica e a supressão dos direitos sociais. Sob esse viés, explica-se o porquê de onde há concentração de pobreza—como nas favelas—, o desenvolvimento social das crianças no que se refere à escolaridade e à violência, fatores vitais para a cidadania, é menos acessível, uma vez que o quadro de insegurança social, marcado pelo panorama constante das operações militares, instaura um contexto de barreira de direitos. Desse modo, fica clara a necessidade da contenção da desigualdade social na infância para o aprimoramento dos mecanismos de ascensão da cidadania. Diante do discutido, infere-se que o desenvolvimento saudável do infante, ou seja, o qual se deu em ambiente de paz e de acesso aos direitos constitucionais básicos, como a educação e o lazer de qualidade,é fundamental para a concretização da cidadania. Para estimular tal realidade, portanto, é urgente que o Ministério do Desenvolvimento Social, com o apoio das prefeituras, crie polos integrados e permanentes de serviços públicos nas comunidades, contratando equipes multiprofissionais de médicos, assistentes sociais e defensores públicos para atuarem nas populações carentes dos municípios, com o objetivo de que os direitos consolidados pela Lei n°13.431, de 2017, sejam assegurados mais celeremente às crianças socialmente vulneráveis. Outrossim, é vital que a mídia, por meio dos intervalos jornalísticos, compartilhe o papel do exemplo familiar na edificação do caráter cidadão das crianças, usando para isso ideias da pedagogia de Vygotsky, de maneira que as famílias sejam tocadas de suas responsabilidades. A partir disso, ver-se-á a melhoria da formação cidadã do brasileiro.