Desde o Iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa a relevância de uma infância saudável na formação do cidadão brasileiro, hodiernamente, verifica-se que esse ideal iluminista é constatado na teoria e não desejavelmente na prática, tornando o tema uma problemática intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela instabilidade das relações familiares, seja pela precarização da educação infantil. Em primeiro lugar, vale ressaltar a importância da primeira infância na formação humana. Segundo o economista James J. Heckman, é nela em que ocorre a concretização do processo cognitivo, que refletirá no desempenho escolar, na saúde e na carreira do indivíduo. Nesse contexto, pioneiramente, a família é o agente responsável por fornecer as condições necessárias para o alcance do pleno desenvolvimento, ao projetar ambientes enriquecidos de diálogo e incentivar a aquisição da autonomia desde cedo. Logo, infere-se que a primeira instituição do sociólogo Karl Marx, é decisiva na formação de adultos autônomos e com maior qualidade de vida. Outrossim, destaca-se o desigual acesso à educação infantil como impulsionador do problema. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, embora o percentual da população até os 5 anos de idade que frequenta a escola tenha crescido nos últimos anos, ainda não atingiu a meta do Plano Nacional de Educação, que visa a universalização da pré escola até 2020. Tal fato, indubitavelmente, tem ligação com a desigualdade social presente no país, a qual dificulta a construção ou o ingresso das crianças em ambientes favoráveis ao seu desdobramento. Posto isso, o período pré-escolar, mesmo que essencial, ainda é um impasse na realidade brasileira. É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de um mundo melhor. Como já dito pelo pedagogo Paulo Freire, a educação transforma as pessoas, e essas mudam o mundo. Logo, cabe ao Governo Federal o direcionamento de verbas para a construção de pré-escolas em regiões mais desfavorecidas no país, promovendo a ampliação e igualdade da acessibilidade à plena educação a todos. Ademais, o Ministério da Educação (MEC) deve instituir, nesses espaços, palestras ministradas por psicólogos, que ajudem os pais a compreender o processo de desenvolvimento infantil para identificar e prevenir condutas e situações que podem prejudicar a criança. Dessa maneira, tornar-se-á possível a existência de um Brasil mais próspero e, sobretudo, sadio.