Em sua obra "Morte e Vida Severina", de 1955, João Cabral de Melo Neto intencionou a promoção dos falares regionais e marginalizados sociais da época. Entretanto, os ideais do escrito modernista ainda se mostram distantes, à medida em que o preconceito linguístico presente na conjuntura do Brasil se perpetua como um grave problema a ser debatido entre indivíduos e Estado. É importante pontuar, de início, que as diferenças linguísticas estão relacionadas diretamente na continentalidade da nação brasileira. Nesse sentido, é posto que, devido ao enorme território nacional, a discrepância surja entre determinadas regiões, fazendo com que habitantes de outros locais do país possam subjugar os demais. Diante desse revés, é indubitável que o preconceito linguístico colabora com a prática da exclusão social, tornando os menos favorecidos privados da interação em conjunto. Convém ressaltar, também, a inoperância estatal em deliberar acerca do tema. Posto isso, o filósofo Hegel defendia que o embate de ideias proporcionaria uma transformação social. Logo, verifica-se que os ideais do autor não são praticados, haja vista que o Estado negligencia esse debate entre a população, o que corrobora na imortalização desse agravo e no aumento da segregação vocabular. Diante do exposto, fica nítido que o preconceito linguístico é um mal a ser superado. Portanto, há de o Estado promover debates junto às escolas públicas e privadas de todo país, objetivando a discussão aprofundada sobre o tema, através de diálogos e palestras elucidativas, com o fito de dirimir o obstáculo arraigado nesse arranjo. Em adição a isso, o Ministério Público deve punir casos de preconceitos relacionados ao vocábulo do indivíduo, a fim de que se possa garantir a segurança total àqueles desrespeitados pela sua maneira de falar e atestar a sua participação no meio social. Por meio disso, almeja-se que o problema em questão seja esclarecido à população e, assim, alcançar a unificação proposta por João Cabral de Melo Neto.